segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Curitiba: A cada 2 meses pelo menos 3 mulheres são mortas por seus companheiros

A cada dois meses pelo menos três mulheres são assassinadas por seus maridos e companheiros em Curitiba e região metropolitana. Os dados se referem aos primeiros 10 meses deste ano. O ciúme e a inconformidade com a separação aparecem como as principais causas dos homicídios. Mas além das mortes, as mulheres também vêm sendo vítimas de outros crimes como agressões físicas e ameaças. Mais de cinco mil inquéritos estão em andamento na delegacia da mulher, em Curitiba.

Segundo a subsecretária Aparecida Gonçalves, da área de Enfrentamento à Violência, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do governo federal, a violência em todo o País vem atingindo dados alarmantes. Ela citou o caso de Pernambuco. Em 2007, 328 mulheres foram assassinadas e a maioria dos casos foram crimes passionais. Depois do estado nordestino, aparecem Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo como campeões em violência. Mas não dá para saber como anda a situação nas demais federações porque não existe um sistema que centralize as informações. Os dados sobre as mortes em Curitiba e região metropolitana, por exemplo, não são oficiais. Foram colhidos das páginas de O Estado. O número de assassinatos pode ser bem maior.

Essa falta de informação acaba dificultando a implantação de políticas para combater o problema. Para resolver isto, Aparecida explica que está sendo criado um sistema nacional de informação que vai contar com o envolvimento de todos os órgãos que atendem as mulheres como hospitais, delegacias, Ministério Público e o juizados. Mas o trabalho ainda dá seus primeiros passos. Nesta fase estão sendo analisados as fichas que já são preenchidas por cada órgão e sendo discutido como aperfeiçoá-las. Só em novembro do ano que vem é que o sistema deve estar estruturado e as pessoas começam a ser treinadas para operá-lo. "Vai ajudar a ter um quadro do problema no Brasil, dará maior visibilidade a violência, possibilitando a criação de novas formas de enfrentar essa situação", analisa.

Aparecida diz que as mulheres precisam ficar alertas, já que a violência não costuma aparecer de uma hora para outra. Ela diz que está ligada muito a um aspecto cultural, quando os homens acham que têm posse sobre as mulheres. No namoro, já é possível identificar um possível agressor. Eles proíbem as companheiras de sair com amigas e a usar determinados tipos de roupa, aos poucos vão reduzindo o convívio social.

Depois disto, começam as brigas, os xingamentos, costumam dizer que as mulheres são burras, feias, atingindo em cheio a auto-estima. Nesta fase já está aberto o caminho para a violência física. Muitas mulheres ficam aprisionados nesta situação durante muitos anos por sentirem medo ou vergonha. As vítimas devem buscar apoio junto a seus familiares e outros grupos. "É muito difícil a mulher sair desta situação sozinha", diz Aparecida.

No entanto, ela lembra que as mulheres podem evitar que o problema chegue a este nível. Muitos homens costumam recuar quando se registra um boletim de ocorrência. Isto deve ser feito já quando começam as agressões psicológicas.
Para Aparecida, o problema da violência ainda é grande no Brasil, mas diz que com a Lei Maria da Penha (n.º11.340/2006) as coisas melhoraram. Em todo o País, por exemplo, existem juizados especializados no atendimento à mulher, já são mais de 37. "Para dois anos, a lei vem cumprindo o seu papel", destaca.


Fonte: Elizangela Wroniski - O Estado do Paraná

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