Avaliações orais, comuns em concursos públicos, deixam nervos de candidatos à flor da pele. Mas especialistas recomendam: calma e preparação são fundamentais para se sair bem no exame
Tensão à flor da pele, olhos aflitos, mãos suando, pernas tremendo, coração a mil por hora. Muitos candidatos a uma vaga de emprego ou concurso público sentem-se desta maneira quando estão prestes a ser examinados em uma prova oral. A notícia ruim é que o nervosismo pode prejudicar o desempenho da pessoa que tanto estudou para aquele momento. Além disso, os especialistas são unânimes em destacar a importância do exame oral em um concurso público, bem como não acreditam que tais processos possam ter avaliações subjetivas e favorecimento deste ou daquele candidato.
Nas provas orais, uma banca de dois a quatro professores faz perguntas de matérias e conteúdos previamente definidos (geralmente os mesmos das provas objetivas). Os examinadores podem tanto fazer perguntas como pedir ao candidato para falar sobre um determinado assunto. As avaliações orais são comuns em concursos jurídicos de diversos estados.
Para Antônio Carlos Malheiros, Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e coordenador do curso para o Exame de Ordem da OAB da Central de Concursos, a prova oral é extremamente importante, onde vários pontos são observados, tais como: fluência, firmeza, desembaraço, tranqüilidade e inteligência. “Eu sei que é muito difícil ficar calmo, mas é fundamental pelo menos tentar manter a calma. Se o candidato conseguir isso, já é meio caminho andado”, ressalta.
“As respostas devem ser claras e objetivas. Isso porque, quando as pessoas não têm muita certeza, tendem a esticar a resposta e aí cometem erros. O ideal é responder e justificar sua resposta, em tom coloquial, conversando com o examinador, sempre com muito respeito”, aconselha Malheiros.
Segundo Ana Lúcia Spina, fonoaudióloga especializada em preparar alunos para provas orais em concursos públicos, o exame oral não avalia somente o conteúdo e as matérias, mas também o comportamento do candidato, ou seja, como ele consegue lidar com situações de pressão e de questionamento.
Com William Douglas e Rogério Sanches, Ana Lúcia escreveu o livro “Como Falar Bem em Público”, que oferece exercícios práticos para que a pessoa consiga transmitir idéias, pensamentos e sentimentos com elegância e desenvoltura. Entre as dicas da autora, estão: pensar na aparência, pois é a primeira impressão que o candidato passa; manter um bom contato com os olhos com o examinador; mostrar o quanto é vocacionado e quer estar ali; e, por fim, não ter medo, encarar a prova como uma grande oportunidade.
Porém, há quem acredite que o exame oral seja desnecessário. Prova disso são os Projetos de Lei 2140/2003 e 997/2007, que prevêem a proibição de realização de provas orais em concursos e que tramitam no Congresso Nacional. No PL 2140, o deputado Coronel Alves (PL–AP) justifica que o caráter eliminatório das provas orais não é justo, porque, embora o acesso ao recinto de sua ocorrência seja irrestrito, detém um aspecto de privacidade, podendo provocar suspeitas quanto à sua lisura e moralidade. Já no PL 997, o deputado Nelson Meurer (PP–PR) alega que a avaliação oral “compromete o tratamento impessoal e igualitário que deve prevalecer nos concursos públicos. Nesse contexto, a proposição apresentada diz respeito à eliminação da prova oral nos concursos públicos que afastará, definitivamente, possíveis formas de favorecimento ilegítimo de determinados candidatos”.
Gazeta do Povo.
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