quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vitória de Obama provoca corrida a lojas de armas

A eleição do democrata Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos parece estar preocupando os donos de armas do país, que temem que o setor passe a ser regulamentado por leis mais rígidas.

Em algumas áreas, aumentou em 50% a venda de armas de uso militar, como a russa AK-47, tipo de armamento que poderia ser alvo de restrições pelo novo governo.

Até agora, no entanto, o presidente eleito não deu sinal de que pretenda atacar diretamente o forte lobby de armas americano. Em um discurso em outubro, ele chegou a garantir que não iria retirar rifles e revólveres de seus donos.

Mas os lobistas do setor preferem se lembrar do episódio em que Obama foi gravado secretamente em uma conversa, dizendo que em certas áreas dos Estados Unidos as pessoas estavam se agarrando a suas armas e a sua religião por raiva das mudanças que estavam ocorrendo no país.

Direito

Na escola de tiros Top Gun, na periferia de Houston, no Texas, o funcionário Jeff Trometer é um dos que vê com desconfiança o novo presidente. "Ele não gosta de armas, não gosta de quem tem armas e já fez tudo o que pode para restringir nossos privilégios", diz.

Uma das alunas, Jessica, é uma mãe solteira que vinha querendo aprender a atirar faz tempo e agora se apressou temendo que novas leis viessem a impedi-la de portar uma arma.

"Como mãe solteira, não consigo me imaginar sem um revólver para proteger a minha casa. Serei uma mãe mais confiante sabendo que se alguém entrar na minha casa eu e meu filho saberemos o que fazer: atirar para matar", conta.

O comportamento de pessoas como Jessica é uma das respostas mais reveladoras à vitória de Obama nas últimas semanas.

Mas o direito dos americanos de portar armas é fundamentado na Segunda Emenda da Constituição do país. Portanto, o presidente tem limitações quanto ao que poderia fazer, mesmo tendo o apoio da maioria do Senado e da Câmara dos Representantes.

Qualquer mudança na legislação teria que ser branda, como por exemplo, restringir a comercialização de certos tipos de armas e alguns tamanhos de cartuchos de munição.

Para os entusiastas dos armamentos, esse direito constitucional significa também que o equilíbrio de forças entre governantes e governados é diferente nos Estados Unidos em relação a qualquer outro país desenvolvido.

"Se começam a atacar nossas liberdades fundamentais, alguém mais pode chegar e dizer que você não tem o direito de falar o que pensa. E aí, um dia, de repente, todos os seus direitos podem desaparecer", diz o funcionário Jeff Trometer.

Está claro que se um dia Obama decidir encarar de frente o problema das armas no país, ele vai encontrar os donos de armas, como sempre, prontos para o combate.


BBC Brasil.

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