sexta-feira, 2 de maio de 2008

Moradores reclamam da abordagem policial nas comunidades

Com o cerco policial ao Complexo do Alemão e o aumento das operações no Complexo da Penha, na zona norte do Rio, iniciados há um ano, comunidades vizinhas reclamam que os confrontos entre policiais e traficantes ficaram mais freqüentes, o que acabou refletindo na qualidade de vida dos moradores.

De acordo com a política de segurança do governo fluminense, as ações visam a enfraquecer o poder do tráfico de drogas e garantir a diminuição da violência para a população. Mas não é desta forma que líderes comunitários vêem o que ocorre há um ano na região.

Para o coordenador de comunicação do grupo Raízes em Movimento, David Silva, a ocupação policial acabou com o direito de ir e vir da população. “A comunidade se sente mais oprimida hoje, com a presença da polícia, infelizmente, pois deveria ser o contrário. É um sentimento de opressão, de estar mais limitado, observado a todo o momento. Aquela liberdade que se tinha, de poder ficar na rua a qualquer hora, acabou.”

Silva também reclama da forma de abordagem ilegal dos policiais aos moradores. “Mandado judicial de busca não existe dentro de favela. Ao contrário se fosse em um condomínio na Barra da Tijuca, onde só se entra com ordem da Justiça. Na favela é meter o pé na porta, sem respeitar os moradores.”

Para o líder do Raízes em Movimento, grupo que atua com iniciativas culturais há nove anos na Favela da Grota, esse comportamento irregular acaba afastando a polícia da sociedade. “A polícia foi criada para trazer segurança para a sociedade. Mas, dentro da favela acontece o inverso: ela leva o terror, ao invés de paz e segurança.”

O papel da polícia nas comunidades pobres também é criticado pelo presidente da Associação dos Moradores da Favela da Merindiba, no Complexo da Penha, Luiz Cláudio dos Santos. “A comunidade de bem, que não tem nada a ver com essa guerra, está pagando um preço que não é nosso. Todo o reflexo dessa guerra está respingando em nós. A maneira com que a polícia entra na comunidade, pensando que todo mundo é vagabundo, acaba nos revoltando. Queremos acreditar no órgão que foi criado para nos dar segurança, mas hoje acabou essa credibilidade.”

De acordo com a assessoria de comunicação da PM, é preciso que seja feito registro das denúncias de irregularidades nas ações policiais nas delegacias de polícia da região, para que sejam tomadas providências.


Agência Brasil.

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