sábado, 31 de maio de 2008

Defesa do caso Isabella estuda desqualificar buscas

O advogado Marco Polo Levorin, que coordena a equipe de defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, diz ter ficado impressionado com o envolvimento do tenente Fernando Neves Braz em pedofilia. O oficial foi um dos primeiros policiais a chegar ao edifício London, na zona norte da capital, no dia 29 de março, quando a menina Isabella Nardoni foi agredida e jogada do sexto andar. O casal é acusado pelo crime, mas nega qualquer participação. Em depoimento à Justiça, os dois afirmam que uma terceira pessoa estava no apartamento da família e agrediu Isabella. Eles ainda dizem que foram intimidados por policiais. O tenente Braz comandou as buscas a um suposto ladrão no prédio e garantiu que não havia nenhum estranho no local.

- Essa questão é muito complexa e terá implicações sérias no caso. Estamos analisando até que ponto as informações prestadas por ele podem ter validade - disse o advogado.

A corregedoria da Polícia Militar, no entanto, descartou a participação do oficial no crime. O tenente se matou nesta sexta-feira, depois de ser acusado de envolvimento em uma rede de pedofilia.

- Há necessidade de se investigar bem as circunstâncias da morte de Isabella antes de tirar conclusões. Veja o exemplo do caso desse tenente. As informações dele foram recebidas com força e, só agora, descobriu-se que estava envolvido em pedofilia - afirmou Levorin.

Segundo Levorin, o parecer do legista alagoano George Sanguinetti sobre a causa da morte de Isabella será anexado ao processo juntamente com o da perita baiana Delma Gama e de outros três técnicos que também estão auxiliando na análise dos laudos dos Institutos de Criminalística e Médico Legal de São Paulo.
Rede de pedofilia

O tenente Fernando Neves Braz, de 34 anos, suicidou-se na manhã de sexta-feira, com tiro na cabeça no apartamento onde morava, na Avenida Nova Cantareira, zona norte de São Paulo. Ele estava acompanhado de policiais militares da região e da corregedoria, além de policiais civis da 5ª Seccional que investigavam a participação dele em uma rede de pedofilia. O esquema foi descoberto graças à denúncia de uma testemunha.

Conversas telefônicas de Braz foram interceptadas com autorização judicial e mostraram que o oficial mantinha um relacionamento homossexual com o operador de telemarketing Márcio Aurélio Toledo, de 36 anos. Segundo a polícia, Toledo - preso em 23 de maio -, ofereceu ao PM a chance de manter relações com uma menina de 9 anos em um dos telefonemas.

Os dois marcaram encontro na porta da casa do operador de telemarketing, na Rua Márcio Martins Ferreira, em Cidade Ademar, zona sul, na quinta-feira retrasada. Segundo policiais que fizeram campana no local, o oficial chegou às 13h e esperou até 19h. Márcio faltou ao compromisso porque havia ido à um evento pré-Parada Gay, no centro da capital.

Braz telefonava de vários orelhões para o celular de Márcio, sem sucesso. Braz, que carregava um saco de mercado com uma filmadora dentro, foi embora em seu próprio carro, que estava estacionado a três quarteirões da casa de Márcio.

Nesta sexta-feira, em busca feita no quartel onde o tenente trabalhava, foram encontrados vários CDs. Depois, Braz acompanhou os policiais da investigação até sua casa. Braz, que havia sido desarmado, pegou uma pistola calibre 40 da cômoda do quarto e apontou na direção dos dois policiais, que o seguiam. Depois, entrou no banheiro e se matou com tiro na cabeça. Na residência, a polícia apreendeu um computador e um notebook.


O Globo.

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