A versão de Itamar Campos Paiva, de 44 anos, de que a barra de ferro usada por ele para atacar André Luiz Reuter Lima, na Tijuca, na última sexta-feira, era um cano usado como alavanca para trocar pneus caiu por terra. Nesta quarta-feira, um amigo do agressor, com quem Itamar tinha deixado a arma, a entregou aos investigadores da 19ª DP (Tijuca), depois de recuperá-la do rio, onde havia jogado. Trata-se realmente de uma barra feita de ferro maciço, conforme as testemunhas da vítima contaram em depoimento, de 60 centímetros e pesando 1,8 Kg.
Para o delegado da Tijuca, Walter Alves de Oliveira, ficou claro que Itamar premeditou cometer um crime, não especificamente contra André, ao andar com uma barra de ferro dentro do carro:
- Ele (Itamar) não explicou por que estava armado com uma barra de ferro numa briga normal de trânsito - disse o delegado, que mandou a arma para a perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli.
Segundo o delegado, a versão dos filhos da vítimas, de 13 e 14 anos, e de um colega deles, para o caso é diferente de Itamar. Os adolescentes contam que o agressor já saiu do carro armado com a barra de ferro para tomar satisfações com André, enquanto Itamar alega que foi agredido primeiro com um soco e só depois pegou a arma para atacar a vítima.
Agressor tentou ser oficial da PM, mas foi eliminado
Em 1983, um relatório confidencial do setor de psicologia da Escola de Formação de Oficiais da Polícia Militar (Esfo), onde Itamar cursava o 2º ano, dava uma síntese da personalidade dele, o que culminou com a sua eliminação no curso. De acordo com o documento, Itamar demonstra "pensamentos delineantes persecutórios e alucinações auditivas noturnas, que lhe prejudicam o sono". Ao final da avaliação psicológica, é descrita a incapacidade mental de Itamar, com sintomas de esquizofrenia, "na forma clínica de paranóide".
A folha do oficial aluno Paiva, como Itamar era chamado na Esfo, traz dezenas de anotações. Numa delas, há uma observação de que ele desconhece "um princípio básico que preceitua ser a camaradagem indispensável ao convívio da família da Polícia Militar, desafiando os companheiros de farda, na tentativa de intimidá-los".
Advogado de Itamar não impetrou habeas corpus
O advogado de Itamar, Cleyton Caetano, disse que o seu cliente está consciente de que o seu caso é de comoção nacional, devendo ficar algum tempo preso na Polinter do Grajaú. Por causa disso, Caetano não impetrou habeas corpus a seu favor.
- Estamos estudando o caso dele com calma. Ele é réu primário e está sendo muito difícil para ele ficar na cadeia, o que é natural - disse o advogado.
O estado de saúde da vítima, internada no Hospital Pasteur, ainda é muito grave. O irmão de André, Leandro Alves Ribeiro, ficou revoltado com o depoimento de Itamar:
- O bandido quando é preso sempre alega inocência.Temos testemunhas de tudo. Espero que nenhum juiz solte este criminoso tão cedo.
O Globo.
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