Uma família que vive em um banheiro público no Marrocos passou sete anos pedindo uma acomodação com mais higiene.
O apelo foi ignorado e Aze Adine Ould Baja teve que manter "Banheiros de Sidi" como endereço em seus documentos.
Desesperado para melhorar sua situação, Baja e sua mulher, Khadija Makbout, recentemente contaram a sua vida para um jornal local.
"Eu estava cansado da situação e estava ficando cada vez mais doente", disse Baja.
"Há muitas pragas no banheiro. Meu filho pequeno só tem sete meses, mas ele também é cidadão marroquino e merece uma vida melhor."
Mas poucos dias depois as autoridades locais bloquearam a entrada do banheiro com cimento e concreto.
Baja, sua mulher e seus três filhos agora estão impedidos de entrar na única "casa" que tinham.
'Menos de US$ 1'
O antigo morador do banheiro explicou que trabalhou como atendente no banheiro por 23 anos, ganhando menos de US$ 1 por dia.
"Como um homem casado pode alimentar seus filhos com um US$ 1 por dia?", perguntou ele.
Seus problemas começaram quando a sua filha foi seqüestrada, alguns anos atrás, e ele teve que vender tudo para tentar recuperá-la.
Ela acabou sendo encontrada, mas Baja não tinha mais recursos para continuar pagando seu aluguel e a família se mudou para o banheiro temporariamente.
Mas sem ajuda do governo local e sem dinheiro para alugar uma moradia, eles acabaram ficando no banheiro mesmo.
"Ratos estavam comendo e rasgando nossas roupas e eu temia que eles fossem ferir meu bebê. Eu estava dormindo perto do ralo."
"Eu pedi às autoridades um lugar para meus filhos viverem, mas elas não fizeram nada."
A mãe das crianças disse que elas eram alvos de chacota na escola por morarem no banheiro.
"Quando ele chegava em casa, chorava e perguntava por que vivíamos no banheiro", afirmou a Sra. Makbout.
Agora, sem emprego ou moradia, Baja está desesperado. "Meus filhos estão cansados de passar fome", disse ele.
"Eu tenho problemas de saúde e circulação ruim, então tenho que ir ao hospital cerca de três vezes por ano. Posso morrer a qualquer momento."
Com todos esses problemas, ele está pensando em deixar o Marrocos.
A família chegou a receber uma oferta para morar em uma casa, mas ela não tinha telhado.
No momento, a família está espremida na casa da mãe de Khadija Makbout. As autoridades prometeram uma casa à família, mas até agora nada aconteceu.
A BBC tentou falar com um representante do governo local a respeito da situação da família, mas ninguém estava disponível para uma entrevista.
BBC Brasil.
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