terça-feira, 5 de abril de 2016

Satisfação de formados em Direito está em declínio nos Estados Unidos

Apenas 20% dos bacharéis americanos, formados de 2000 a 2015, dizem que o curso de Direito valeu a pena (ou o custo), de acordo com um estudo pilotodo Access Group Center for Research & Policy Analysis, com a ajuda do Gallup.
Em comparação, o índice de satisfação dos bacharéis formados das décadas de 1960/1970 foi de 75%. E dos formados nas décadas de 1980/1990 foi de 50%. Isso mostra um declínio consistente da satisfação dos bacharéis americanos com o curso de Direito.
Atualmente, a maioria dos bacharéis (64%) têm dúvidas sobre se valeu a pena ou não fazer o curso de Direito. E 15% acha que, decididamente, não valeu a pena. Apenas 1% dos formandos nas décadas de 1960/1970 pensavam assim.

Período da formatura
Fazer o curso de Direito valeu o custo
1960- 1979
1980- 1999
2000- 2015
Concorda 100%
75%
50%
20%
4
19%
28%
25%
3
4%
12%
22%
2
1%
6%
17%
Discorda 100%
1%
4%
15%
Não sabe dizer
0%
1%
2%
A média de custo das faculdades de Direito para o estudante, no período de 1960 a 2015 foi de US$ 70.582. Hoje em dia, para fazer um curso de Direito, os estudantes têm de fazer uma dívida de US$ 80 mil a US$ 150 mil. Costuma-se dizer que a média é de US$ 125 mil.
Enquanto os custos aumentaram, os empregos ficaram mais raros — especialmente depois da crise de 2008, que se refletiu mais pesadamente a partir de 2009/2010, pelo que se percebe do relatório do estudo, nomeado “A vida depois da Faculdade de Direito” (“Life After Law School,”).
O estudo mostrou que, no período de 2010 a 2015, apenas 38% dos bacharéis encontraram emprego logo depois da formatura. Em comparação, 70% dos bacharéis conseguiram emprego ao sair da faculdade, no período de 1960/1969.

Período da formatura
Consegui emprego…
1960- 1969
1970- 1979
1980- 1989
1990- 1999
2000- 2009
2010- 2015
Logo após formatura
70%
66%
64%
56%
56%
38%
Em dois meses
14%
12%
10%
9%
8%
9%
Em três a seis meses
6%
9%
11%
12%
11%
15%
Sete meses a um ano
2%
3%
5%
7%
8%
12%
Em mais de um ano
2%
3%
6%
11%
13%
17%
Nunca: não busquei
5%
6%
3%
4%
3%
4%
Não sei
2%
1%
1%
0%
1%
6%
Apesar de apenas 20% dos bacharéis se declararem 100% satisfeitos com o fato de haverem escolhido a advocacia, em vez de outras profissões, 48% declararam que, se tivessem de voltar no tempo, fariam tudo de novo.
Apenas 12% dos bacharéis têm certeza de que não pisariam em uma faculdade de Direito, se a vida lhes permitisse voltar no tempo. E enquanto 47% têm graus diferentes de dúvidas, 4% sequer sabem dizer se voltariam ou não a estudar Direito.

Período da formatura
Faria tudo de novo
1960- 1979
1980- 1999
2000- 2015
Concorda 100%
68%
54%
37%
4
14%
20%
19%
3
7%
11%
16%
2
3%
7%
12%
Discorda 100%
2%
6%
12%
Não sabe dizer
5%
2%
4%
A quantidade de advogados atuantes também sofreu um declínio notável nos últimos anos. Enquanto 86% dos bacharéis formados no período de 1970/1979 estão exercendo a profissão, apenas 77% dos bacharéis do período 2010/2015 estão atuantes.
O mais “intrigante” dessa parte da pesquisa é que 1% dos entrevistados não sabe dizer se está praticando ou não advocacia — um fenômeno desconhecido entre os formandos das décadas anteriores.

Período da formatura
Está praticando advocacia hoje
1970- 1979
1980- 1989
1990- 1999
2000- 2009
2010- 2015
Sim
86%
82%
85%
82%
77%
Não
14%
17%
15%
17%
22%
Não sabe
0%
0%
0%
0%
1%
Bem-estar
O bem-estar de um advogado não envolve apenas o seu grau de felicidade ou riqueza, nem é sinônimo de bem-estar físico, diz o estudo. Em vez disso, envolve a interação e a interdependência entre muitos aspectos da vida, dos quais se pode destacar:

— Bem-estar profissional: gostar do que você faz diariamente e se sentir motivado pela vontade de atingir seus objetivos;
— Bem-estar social: desfrutar relacionamentos fortes e incentivadores, além de amar sua vida;
— Bem-estar financeiro: manejar com eficiência sua vida econômica, de forma a reduzir preocupações estressantes e aumentar a segurança financeira;
— Bem-estar comunitário: sentir envolvimento e comprometimento com as áreas onde vive e trabalha, com uma percepção de segurança e de orgulho por fazer parte dela.
— Bem-estar físico: ter boa saúde e energia suficiente para realizar seu trabalho e viver a vida em uma base cotidiana.
Sob esse aspecto do bem-estar geral, a maioria dos advogados está bem, a não ser pela conta que pagam por levar uma vida estressante, o que reflete no bem-estar físico. E, de certa forma, a maioria ainda não consegue administrar suas vidas financeiras como deveriam.

Melhorando
Lutando
Sofrendo
Bem-estar profissional
55%
36%
9%
Bem-estar social
55%
37%
8%
Bem-estar financeiro
45%
35%
21%
Bem-estar comunitário
57%
34%
10%
Bem-estar físico
37%
53%
9%
Estudo piloto
O relatório do Access Group Center for Research & Policy Analysis explica que, nesse estudo, foram entrevistados mais de 7 mil bacharéis, de sete faculdades de Direito da região Sudeste do país. Essa limitação geográfica e do número de faculdades dá ao estudo um caráter experimental — e, por isso, é denominado estudo piloto.

 é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista Consultor Jurídico, 4 de abril de 2016.

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