Entre os argumentos, a polícia menciona que o crime provocou "imensa comoção social".
O principal argumento usado pela polícia para pedir a prisão preventiva de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá é que, caso fiquem em liberdade, podem atrapalhar a investigação do caso. Eles foram indiciados pela morte de Isabella Nardoni, 5 anos, em 29 de março. A polícia também mencionou que o crime 'provocou imensurável comoção social'.
A reportagem apurou que a representação com o pedido de preventiva - enviada na quarta-feira, 30, ao Ministério Público Estadual (MPE) junto com as provas recolhidas pela polícia e com o relatório que conclui o inquérito policial - mistura uma abordagem emocional com o caráter técnico que o documento deveria ter. A prisão foi pedida, em resumo, para preservar a ordem pública, impedir a fuga dos indiciados e garantir a aplicação da lei penal.
A negativa de autoria do crime, por parte de Alexandre e Anna Carolina, é vista pela polícia como uma encenação. 'Primeiro, eles lavam o chão do apartamento para ocultar o sangue lá dentro; depois, eles simulam terem sido vítimas de um roubo; conseguem mentir a dezenas de pessoas, a mais de 30 policiais, durante mais de 24h nesta delegacia, isso tudo logo depois de Isabella morrer, logo depois de Alexandre perder sua única filha.' A mensagem é que quem é capaz disso fica capaz de muito mais para impedir o bom andamento de uma investigação, que poderia incriminá-los.
Em seguida, o documento destaca que o casal acusou o porteiro do prédio, levantou suspeitas sobre o zelador e colocou a culpa no pedreiro. 'Quantos talvez não aparecerão por eles apontados como sendo autores do homicídio de Isabella?', questiona a polícia, que classifica essas acusações como 'levianas e inconsistentes'. A idéia é sugerir que os indiciados não apenas tentam se defender, mas procuram incriminar um inocente pelo crime.
Ordem pública
A comoção social, diz o documento, explica-se porque Isabella era uma menina feliz, saudável, inteligente e cheia de sonhos. Alexandre, que deveria protegê-la, nas palavras da polícia, é descrito como 'um pai capaz de atirar a filha da janela de seu apartamento, preocupado em limpar o chão sujo de sangue ao invés de socorrê-la, preocupado em encenar juntamente com sua esposa, ao invés de chorar a morte da filha, um pai inerte e abobalhado diante da fúria de Anna Carolina, que asfixiava a pequena Isabella na sua presença'.
O pedido será apreciado pelo promotor Francisco Cembranelli, que deve pronunciar-se no início da próxima semana. O promotor pode concordar que a decretação da prisão é necessária, mas pode pedi-la por outros motivos, pois não precisa se prender ao que a polícia diz. Na mesma ocasião, ele divulgará os termos da denúncia contra o casal. Em seguida, o caso segue para o juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri. É ele quem vai decidir se decreta a preventiva e se aceita a denúncia contra o casal.
Estadão
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