Depois de ter seu currículo selecionado, chegará o momento da entrevista de emprego. Mas será que você está preparado para ela?
Ser perfeccionista parece ser um defeito unânime entre as pessoas que procuram um emprego. Pelo menos é o que declaram os candidatos a uma vaga para os selecionadores quando, durante a entrevista, são requisitados a falar sobre uma de suas características negativas. “Quando escuto isso, em seguida emendo uma segunda pergunta: se realmente consideram isso negativo e se querem mudar”, diz a psicóloga do setor de recursos humanos da Drogarias Catarinense, Rossana Ramos.
Quando um comportamento é padrão entre os entrevistados, os recrutadores costumam ficar “de orelha em pé”. Por isso mesmo, eles recomendam aos candidatos que sejam naturais e espontâneos em suas respostas durante a entrevista. “A maioria dos selecionadores conhece os discursos de revistas e livros. É montado, falta espontaneidade no candidato”, afirma a coordenadora de outplacement (recolocação) da consultoria de recursos humanos De Bernt Enchev, Luciana Serafin.
O Ph.D especializado em recolocação e seleção de executivos Thomas Case recomenda, em seu livro Como Conquistar um Ótimo Emprego, que os candidatos pratiquem entrevistas. Vale pegar o marido ou esposa para fazer de conta que é o entrevistador. O especialista recomenda ainda gravar as sessões para fazer uma auto-avaliação. “As respostas devem ser sempre verdadeiras”, alerta ele.
A opinião de Rossana, da Drogarias Catarinense, é semelhante. Segundo a psicóloga, talvez o mentiroso até consiga o emprego, mas sofrerá as conseqüências. “O funcionário que mentiu para conseguir a vaga teve que apelar por não ter o perfil ideal para a função. Provavelmente abandonará o posto ou virá ao trabalho sem disposição, o que pode acarretar demissão”, diz Rossana. Ela, assim como a maioria dos recrutadores, costuma checar as referências dadas no currículo.
O mesmo vale para as temidas dinâmicas de grupo. A idéia de que os recrutadores estão avaliando todo e qualquer gesto dos candidatos “é uma crença”, na opinião da consultora de Recursos Humanos da Catho, Glaucia Santos. “A dinâmica sempre tem um objetivo específico a ser avaliado. Porém os selecionadores não deixam claro qual é este objetivo para o candidato não manipular o comportamento”, explica Glaucia.
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As clássicas perguntas
Confira uma lista com as tradicionais perguntas em uma entrevista de emprego, e procure entender o que os selecionadores querem de você.
Por que procurou nossa empresa?
Evite dizer que está desesperado por um trabalho. Isso revela que você não está interessado na vaga específica. Prefira responder com as qualidades da empresa ou as boas referências que você tem dela. Se não quiser o emprego, responda “Ah, porque eu estava passando aqui na frente e vi uma placa de emprego”.
Qual o motivo da saída do emprego anterior?
Uma das perguntas mais importantes e delicadas de uma entrevista. A resposta “não sei, não me falaram” preocupa o selecionador. Procure sempre colocar o motivo real, sem se estender muito e dizer que aprendeu com a situação.
Qual é a sua principal característica positiva? E negativa?
É um teste de auto-percepção. Responder a primeira parte é tranqüilo e livre. Mas evite citar algo que não está relacionado com o âmbito profissional. Na hora de falar do lado negativo, evite citar uma característica que vai de encontro à vaga pretendida (um candidato ao setor financeiro com dificuldades em matemática dificilmente conseguirá a vaga). Não peça desculpas e seja objetivo. Quanto maior a justificativa sobre um traço negativo, pior é.
Qual o seu objetivo profissional?
O selecionador quer saber o que o candidato quer da vida, o horizonte da carreira, ambições e objetivos. “Não sei” ou “não tenho” é a pior resposta possível. É até preferível dizer que quer ganhar dinheiro. Não significa que o candidato deva se mostrar ambicioso, senão o desejo de melhorar. Geralmente o entrevistador coloca na seqüência a pergunta “o que você está fazendo para atingir esse objetivo?”. É bom você estar fazendo algo.
Fale sobre seu histórico profissional.
O selecionador quer entender o que está escrito no currículo. É recomendável manter uma ordem cronológica para ajudar o entrevistador a compreendê-lo. É importante ser objetivo, mas sem omitir informações importantes, como os resultados e realizações obtidas que fogem da rotina diária. Geralmente essa resposta leva de 15 a 20 minutos. Se o entrevistador interferir com perguntas, é sinal que ele está interessado e você pode se estender um pouco mais.
Qual é a sua maior frustração profissional ou erro?
Sempre diga qual a solução encontrada para o erro citado.
Quais os conhecimentos que você tem em determinada ferramenta, ramo ou cliente?
Verificar se você tem informação e se atende ao que está no currículo.
Como era o relacionamento com a equipe?
Seja sincero. Tudo o que falar aqui será conferido pela empresa com as referências apontadas no currículo.
Como seria um trabalho ideal?
Aqui, nada de utopias. Espera-se que a pessoa responda que quer um ambiente agradável, com possibilidade de crescimento e com trabalho em equipe.
Dicas
Antes da entrevista
- Estude a empresa. Em tempos de internet, é imperdoável chegar sem saber nada sobre a companhia em que você quer trabalhar.
- Durma bem na noite anterior.
- Verifique onde é a entrevista antes da data marcada.
- Apresente-se quinze minutos antes do horário marcado.
- A aparência deve ser impecável. Homens devem estar de barba feita. Mulheres com uma maquiagem leve e cabelos bem arrumados. Nada de exagero – se for disputar uma vaga de estoquista, não há razão para vestir terno e gravata.
- Revise o currículo. Responder “não lembro” sobre alguma experiência da carreira desconta pontos. Leve um currículo para o caso de “dar um branco”.
- Fique tranqüilo. Entenda que na entrevista você e o selecionador têm objetivos concomitantes. Ele precisa de um funcionário, e você de um emprego.
- Deixe até duas horas livres na agenda para a entrevista.
Durante a entrevista
- Dê um aperto de mão firme, nem muito forte nem muito fraco.
- Sorria. Seja agradável, mas não informal.
- Não desvie o olhar do entrevistador.
- Responda às perguntas com entusiasmo, mas sem parecer um locutor de futebol.
- Mantenha a postura ereta na cadeira.
- Escute o entrevistador e tente detectar o que ele quer.
- Nunca minta. A maioria dos selecionadores são treinados para captar inverdades.
- Não fale mal de seus patrões anteriores ou de quem quer que seja. O recrutador pode pensar que você pode fazer o mesmo com a empresa dele no futuro.
- Responda conhecendo de antemão a filosofia da empresa.
- Deixe claro que você procura desafio e envolvimento no trabalho.
- Seja sempre objetivo. Quem dá respostas vagas perde credibilidade. Mas cuidado para não ser monossilábico.
- Não leve outra pessoa com você.
- Cuide bem do seu hálito, mas deixe em casa chicletes e balas.
- Nunca use óculos escuros.
- Jamais implore ao entrevistador que lhe dê trabalho.
- Evite a curiosidade de olhar o que esta à mesa do entrevistador.
- Não conte piadas.
- Evite discussões sobre religião, política ou futebol.
- Não invente respostas quando você não sabe o que dizer.
Gazeta do Povo.
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