sexta-feira, 4 de julho de 2008

Artigo: Quando a droga substitui o pai, Luiz Fernando Oderich*

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que do total da população brasileira, o percentual de adolescentes infratores, entre 12 e 18 anos, representa 15%, ou seja, 0,2% da população do país responsável pela prática dos atos infracionais. A droga aparece como um dos principais fatores, sempre que averiguarmos os motivos que levaram esses jovens ao mundo do crime. Por que ainda é tão difícil achar uma solução para combater esse problema entre nossos jovens, a despeito das ações públicas e não-governamentais? Simples, porque muitos ainda teimam em não ver o óbvio: que a solução está na educação preventiva e no exemplo que se recebe dentro de casa.

Falar nesse assunto é tocar na ferida de muitos que atribuem à escola a responsabilidade de educar seus filhos. No entanto, esquecem que as escolhas que eles farão por toda a sua vida dependem dos valores morais, éticos, assim como do carinho e do respeito que recebem em casa, dos pais ou daqueles que assumem esse papel. Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em 2006, reforça essa afirmação. O estudo feito com menores infratores apontou que a relação do uso de drogas com o primeiro ato infracional, entre os adolescentes, está diretamente ligada com a estrutura familiar que eles tiveram.

Nesse contexto, a figura do pai cresce em relevância. Psiquiatras afirmam que as ações esperadas pelos filhos de seus próprios pais são a noção clara de limites, junto com o acolhimento e o carinho. Quando isso não acontece, um elo se rompe na relação. Uma mãe sozinha pode criar e educar seu filho. Existem vários casos de mães solteiras, divorciadas, viúvas, que criaram suas crianças longe das drogas e, hoje, são adultos saudáveis e bem-sucedidos. Mas, nos casos em que as coisas dão errado, quando aprofundamos a pesquisa, vai se ver que em dois terços dos casos lá está a ausência ou a omissão do pai como causa.

A criança e o adolescente que se comportam de modo anti-social estão pedindo socorro, solicitando o controle de uma pessoa forte, amorosa e confiante: o seu pai. E quando ele falta, via de regra, a droga acaba ocupando o seu lugar.

*Presidente da ONG Brasil Sem Grades


Zero Hora.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog