sexta-feira, 4 de julho de 2008

Aluno responde só por 50% de seu desempenho

Estudo da UFPR aponta que escola e poder público são responsáveis por metade do resultado alcançado por estudantes

Estudantes são responsáveis por apenas 50% do desempenho escolar: a outra metade depende da qualidade da escola (30%) e da administração pública (20%). Esse é o primeiro resultado de um projeto da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que pretende verificar a eficiência nos sistemas de educação básica no Brasil.

“Nós usamos dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e da Prova Brasil (avaliação do rendimento escolar) para verificar se escolas, estados e municípios estão fazendo uma administração eficiente dos recursos. Se com um determinado nível de recurso estão atingindo o resultado esperado”, explica o coordenador do projeto e professor-adjunto do Departamento de Economia da UFPR, Flávio Oliveira Gonçalves.

Entre os fatores que dizem respeito à escola, está a segurança. “Alunos que se sentem mais seguros têm aproveitamento melhor no aprendizado. Além disso, a questão de equipamentos é muito importante, como biblioteca e laboratórios de informática, que conseguem compensar as carências que esses alunos trazem de casa”, explica.

O projeto foi um dos 28 apresentados no 1º Seminário do Observatório da Educação realizado em Brasília na quarta-feira e ontem. O observatório é uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para fomentar pesquisas em educação que utilizem banco de dados do Inep em programas de mestrado e doutorado.

Além dessa pesquisa, a UFPR apresentou outras duas durante o seminário. Uma faz levantamentos do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e entrevistas com alunos ingressos e egressos das Licenciaturas em Educação Física, Matemática, Biologia e Física da universidade para verificar em quais disciplinas os alunos se sentem menos preparados para enfrentar o mercado de trabalho e, a partir disso, reformular a grade curricular dessas habilitações. “Já percebemos que existe um grau de satisfação maior dos egressos com as disciplinas específicas das áreas de atuação e um grau de satisfação menor com as disciplinas pedagógicas. É nesse sentido que a reformulação curricular está sendo feita para atender especificamente a licenciatura”, explica a professora do departamento de planejamento e administração escolar, Maria Tereza Carneiro Soares, coordenadora do projeto.

O terceiro projeto diz respeito a políticas educacionais e qualidade de ensino. A equipe de pesquisa trabalha com o gasto por aluno nas regiões metropolitanas de Curitiba e de Londrina para construir indicadores que vão se transformar num índice de qualidade das escolas. De acordo com a professora do Setor de Educação da UFPR, Andrea Barbosa Gouveia, que faz parte do grupo de pesquisadores do projeto, os primeiros resultados revelam que a cobertura (número de alunos na faixa etária correta que estão na escola) na educação infantil é muito baixa na região metropolitana de Curitiba e litoral paranaense, apenas 30%. Já no ensino fundamental, os resultados são melhores; e no ensino médio há muita descontinuidade na oferta pública. “Hoje temos uma cobertura de 80% no ensino médio, mas houve um decréscimo entre 2001 e 2003; só depois volta a crescer. Com isso, no ensino fundamental a cobertura é de 110%, porque há muitos alunos represados lá”, explica Andrea.


Gazeta do Povo.

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