sábado, 3 de maio de 2008

Um em cinco pobres chega ao ensino médio

As desigualdades econômicas pesam mais no acesso à educação do que as disparidades regionais e raciais. É o que mostra estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que comparou dados de escolarização no Brasil. A maior diferença foi observada em jovens de 15 a 17 anos matriculados no ciclo médio. Entre os 20% mais ricos da população, 77,2% freqüentavam o ensino médio. Na faixa dos 20% mais pobres, só 24,5%, uma distância de 52 pontos percentuais.

Os dados originais são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, do IBGE. Eles foram incluídos no Relatório de Monitoramento de Educação para Todos (EPT), divulgado na quarta-feira pela Unesco.

A escolarização nas diferentes regiões do país apresenta desníveis, mas em escala menor. No Sudeste, 57,7% dos jovens de 15 a 17 anos estavam no ensino médio - maior média regional -, contra 33% no Nordeste, a mais baixa. Ou seja, uma distância de 24 pontos percentuais. Na comparação entre áreas urbanas metropolitanas e rurais, a diferença ficava em 28 pontos e, entre brancos e negros, em 20.

- Nosso desafio é fazer com que as médias nacionais se elevem. Mas há uma questão mais dramática: a equalização das oportunidades educacionais - disse o ministro da Educação, Fernando Haddad.

De acordo com o relatório da Unesco, o Brasil está entre os 53 países que ainda não atingiram e não estão perto de atingir as metas do Educação para Todos (EPT) até 2015, prazo acordado na Conferência Mundial de Educação em Dacar, Senegal, em 2000, que reuniu 164 países. No que refere à situação da educação básica, o país ocupa a 76ª posição entre os 129 países avaliados.

Haddad disse que é preciso enfrentar as desigualdades em um ritmo mais acelerado e mobilizar também a sociedade, o que, de acordo com ele, já está acontecendo.

- Hoje se vê empresários falando sobre educação. Até eles perceberam que não é só o lucro das empresas que conta, há muito o que fazer ainda. Há uma longa avenida pela frente. Mas era uma avenida esburacada. Hoje acho que é pavimentada e vai permitir acelerar o passo - afirmou.

O Relatório de Monitoramento Global do EPT é uma publicação anual preparada por uma equipe independente da Unesco.


O Globo.

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