segunda-feira, 19 de maio de 2008

Polícia Militar de SP mata 55% a mais em 2008

Aumento se refere ao 1.º trimestre ante o mesmo período de 2007; ?efeito PCC? pode ser uma das causas.


A Polícia Militar de São Paulo matou 55% a mais de pessoas no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2007. Foram 107 mortes em confronto, ante as 69 registrados entre janeiro e março de 2007. Índices correlatos, como prisões em flagrante e feridos em tiroteios com PMs, se mantiveram estáveis.

A maior alta foi em janeiro, quando a Secretaria da Segurança Pública (SSP) registrou 41 embates com mortes - 17 a mais do que em 2007. O mês foi violento, após o assassinato do coronel José Hermínio Rodrigues, comandante da PM na zona norte. No dia seguinte à sua morte, uma chacina deixou sete mortos na região. As suspeitas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) são de que a autoria de ambos os crimes tenha sido de PMs. "Os números mostram que janeiro ?contaminou? o trimestre", avaliou o ouvidor das polícias e integrante da Comissão de Letalidade da SSP, Antônio Funari Filho. "O aumento preocupa, porque interrompe uma seqüência de queda."

Os comandos de policiamento da capital e da região metropolitana respondem por pouco mais de 50% dos casos. Em seguida, vem o Comando de Policiamento de Choque, com 18 casos. Os nove comandos de policiamento do interior deixaram 25 mortos. No mesmo período, oito PMs morreram em serviço, número igual ao de 2007.

Para o sociólogo Túlio Kahn, da Coordenadoria de Análise e Planejamento da SSP, o crescimento da letalidade policial pode estar relacionado à série de ataques contra as forças de segurança, em maio de 2006, quando foram contabilizados 66 casos de confrontos com mortes. "Na ocasião, o comando deu um claro recado à tropa para que não partisse para o enfrentamento desnecessário", diz Kahn. Coincidência ou não, as ocorrências de resistência seguida de morte caíram, atingindo o menor patamar da década no primeiro trimestre de 2007. "A tendência de alta ressurgiu de um ano para cá." Kahn levanta outras hipóteses: a maior "produtividade" da corporação - medida pelo número de prisões, apreensões etc - e o que chama de "efeito Tropa de Elite". "A sociedade pode estar um pouco mais permissiva em relação à violência policial."

Estudo feito em 2002 pela Comissão de Letalidade da SSP mostra que a maioria dos casos acontece à noite ou de madrugada. A maior parte se concentra em áreas periféricas. "Ou os policiais trabalham mais apreensivos nessas áreas ou se envolvem nesse tipo de ocorrência porque sabem que, em caso de excessos, a possibilidade de repercussão é menor", diz Kahn.

Os PMs são afastados por pelo menos um mês e, se surgem indícios de crimes, o inquérito segue à Justiça Militar. Homicídios dolosos cometidos por PMs são levados aos Tribunais do Júri.


Estadão.

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