segunda-feira, 5 de maio de 2008

Passagem de ciclone tropical mata quase 4.000 em Mianmar, diz TV

O ciclone tropical Nargis, que atingiu Mianmar no último sábado (3), matou quase 4.000 pessoas e deixou cerca de 3.000 desaparecidos, informou nesta segunda-feira a TV estatal local.

"O número confirmado de vítimas é de 3.934 mortos, 41 feridos e 2.879 desaparecidos em Yangun e na região do delta de Irrawaddy, no litoral do país", informou a rede MRTV.

A contagem de mortos informada anteriormente era 351, mas o número subiu dramaticamente depois que autoridades locais contataram as ilhas e vilas mais atingidas da área de Irrawaddy. Segundo a MRTV, o número de vítimas ainda pode subir.

"O delta de Irrawaddy foi extremamente atingido, não apenas por causa dos ventos e da chuva, mas por causa de uma tempestade", disse ontem Chris Kaye, coordenador da ação humanitária da ONU (Organização das Nações Unidas) em Yangun.

O ciclone atingiu o sul do país e destruiu milhares de casas. Em várias regiões, o fornecimento de energia foi interrompido, linhas telefônicas foram cortadas e a queda de árvores bloqueou estradas.

Testemunhas em Yangun, cidade de cerca de 5 milhões de habitantes, disseram que a tempestade levou o telhado de centenas de casas, causou danos a hotéis, escolas e hospitais, e suspendeu o fornecimento de energia para toda a cidade.

Longas filas se formaram nos postos de gasolina da cidade, a maior de Mianmar. O preço de um galão de petróleo dobrou no mercado negro. Os preços de vários alimentos triplicaram desde sábado.

Vítimas

Neste domingo, cinco regiões do país foram declaradas como áreas de desastre após a passagem do ciclone --cujos ventos atingiram até 190 km/hora. As informações eram que cerca de 75% das construções da localidade de Labutta haviam sido destruídas.

Na ilha de pescadores de Haing Gyi, soldados e equipes de voluntários civis encontraram outras 109 pessoas mortas.

Em Day Da Ye, uma aldeia a cerca de 64 quilômetros ao sudoeste de Yangun, dezenas de corpos seguem abandonados pelas ruas da região.

Apesar dos grandes danos, a Junta Militar declarou hoje que mantém seus planos de realizar, no próximo sábado (10), o plebiscito sobre a minuta constitucional no qual trabalhou desde 1993, sem consultar a oposição democrática.

O Exército local, que governa Mianmar há 46 anos, não divulgou um apelo internacional por ajuda desde que o ciclone de categoria 3 atingiu o país, com ventos de até 190 km/h.

Ajuda humanitária

De acordo com a rede de TV, agências humanitárias relataram que centenas de milhares de pessoas estão desabrigadas e sem acesso à água potável no país do sudeste asiático.

Segundo Michael Annear, chefe da equipe de emergências da Cruz Vermelha Internacional (CICV), mantimentos foram entregues às vítimas, mas há necessidade de mais ajuda.

A Organização Mundial da Saúde, a Unicef e outras agências da ONU se reuniram nesta segunda-feira em Bancoc, na Tailândia, para examinar a situação e coordenar um plano de ação que incluirá reabrir estradas bloqueadas para facilitar o acesso às áreas necessitadas. Os cortes nas linhas telefônicas e a ausência de internet, que só deve voltar a funcionar em três dias, também dificultam os trabalhos.

"Sabemos que centenas de milhares foram atingidos, mas não temos um número certo", disse Richard Horsey, do escritório local da ONU, à agência Reuters após o evento em Bancoc.

O escritório da ONU em Yangun informou que há necessidade urgente de sacos plásticos, purificadores de água, equipamentos de cozinha, redes para mosquitos, remédios e comida.

De acordo com o escritório, a situação em Yangun é "crítica", com maior urgência para a necessidade de "abrigo e água potável".

Tailândia

Em resposta à tragédia, a Tailândia enviou um avião de transportes C-130 carregado com nove toneladas de alimentos e remédios para Yangun, após a reabertura do aeroporto.

O jornal estatal "New Light od Myanmar" informou neste domingo que o aeroporto internacional de Yangun havia sido fechado, e que os vôos domésticos estavam sendo desviados para a cidade de Mandalay, 560 km ao norte.

O último grande ciclone a atingir a Ásia foi o Sadr, que matou 3.000 em Bangladesh em novembro do ano passado.


Folha de São Paulo.

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