domingo, 4 de maio de 2008

O recomeço após a tragédia

A esperança do recomeço preenche os corações de duas mães que, há um ano, sofreram diferentes dramas. Roseli de Oliveira perdeu o filho Guilherme, três anos, numa tentativa de assalto em Estância Velha, no Vale do Sinos, na tarde de 1º de abril de 2007. Já a mãe do adolescente que à época tinha 13 anos e participou do assalto com outros dois adultos está convicta da recuperação do garoto, internado no Centro de Atendimento Socioeducativo de Novo Hamburgo.

Contrariando as estatísticas, a tentativa de roubo na qual Guilherme perdeu a vida foi esclarecida rapidamente pela polícia e teve um desfecho ágil na Justiça. O adolescente já completou um ano de internação. Jeferson de Moraes Becker, 23 anos, admitiu ter atirado na criança e foi condenado por latrocínio (roubo com morte) a 22 anos de reclusão. Cumpre pena em regime fechado. Pedro Cândido da Silva Filho, 44 anos, foi condenado, por roubo, a quatro anos, cinco meses e 10 dias, em regime inicialmente fechado.

Pai de Guilherme, Jairzinho Freze, 33 anos, sente-se aliviado ao saber que o homem que atirou no seu menino está preso, embora considere que as leis devessem ser mais rígidas:

- Acho 22 anos de cadeia pouco para quem matou uma pessoa. O outro pegou só quatro anos.

Agora, o momento é de recomeço. Freze e a mulher aguardam com ansiedade a chegada da primeira filha. Já a mãe do adolescente que se envolveu no roubo acredita que o filho, que era viciado em drogas, está regenerado e não voltará ao mundo do crime.

Guilherme estava no Escort da família, que passava em um ponto da Rua do Terminal, bairro Campo Grande, quando três pessoas cercaram o veículo. Um deles sacou uma arma, momento em que o pai do menino acelerou, sem conseguir escapar de um disparo. O tiro atingiu a nuca de Guilherme, que morreu antes de chegar ao hospital.

- Meu filho participou do assalto para conseguir dinheiro para comprar crack - relata a mãe do adolescente.

Um ano antes de o garoto ser detido, a vendedora havia cumprido uma maratona em busca de tratamento para a dependência do filho por drogas. Levou-o a palestras e buscou, na Justiça, o direito de interná-lo.

A família de Guilherme sublimou a dor e a transformou em esperança. Freze e a companheira, grávida de sete meses, seguem morando em Estância Velha e esperam pelo nascimento da menina.


Zero Hora.

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