sábado, 24 de maio de 2008

Lavoura desaparece em Rosário do Sul




Oitenta hectares de soja foram colhidos por desconhecidos e grãos transportados sem levantar suspeitas

Um caso inusitado pegou desprevenido um produtor rural de Rosário do Sul.

Quando chegava para colher os 80 hectares de soja plantados no município da Fronteira Oeste, o arrendatário da terra teve uma surpresa: a colheita já tinha sido feita. E não por ele, mas por desconhecidos.

Os grãos da oleaginosa foram levados direto da lavoura. O sumiço foi percebido pelo arrendatário da área (espécie de inquilino, que aluga a terra para o plantio), Lauro Michel Korb, na quinta-feira. Os grãos foram levados provavelmente entre o sábado e o domingo, causando um prejuízo estimado em R$ 150 mil. O plantio não tinha seguro. De acordo com a Polícia Civil, toda a área cultivada foi colhida, o que renderia aproximadamente 190 toneladas do grão.

Segundo testemunhas, como a colheita foi feita em dois dias - e não em três, como seria necessário para uma área deste tamanho - , parte dos grãos ficou na lavoura. A maioria dos pés de soja foi cortada pela metade, e não há uma estimativa do volume exato levado.

Mesmo vendo a colheita sendo realizada, nenhum morador avisou o arrendatário. A área de terra pertence à produtora rural Waly Voni Limberg. Korb, que reside em Palmares do Sul, chegou ao local na quinta-feira com cinco funcionários e uma colheitadeira para fazer a colheita. Ao perceber a situação, comunicou a Patrulha Rural da Brigada Militar. A área representa 20% do total de plantações de soja que ele tem. Korb usaria os grãos para vender como semente - 30% mais valorizado. A soja ficaria estocada em um armazém para futuro comércio com outros produtores ou para uso próprio.

- Estragaram a lavoura. Foi um prejuízo enorme - lamentou o produtor.

Polícia tem suspeitos da autoria do furto

O episódio é considerado único no Estado. De acordo com o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, registros de roubos de carga são comuns.

- Mas na lavoura, direto, além de inusitado, é inédito - diz, surpreso.

De acordo com o delegado Thiago Firpo, da Delegacia da Polícia Civil de Rosário do Sul, já há suspeitas da autoria do furto, que pode envolver uma suposta dívida envolvendo a lavoura.

O advogado do arrendatário, João Luiz Fagundes, nega que Korb tenha algum débito, salientando que o dono da lavoura comprou colheitadeiras novas e que isso não seria possível se tivesse alguma dívida. Além disso, Fagundes diz que Korb não tem nenhuma questão judicial pendente.

Um caso inédito:
- As pessoas que estiveram na lavoura usaram duas colheitadeiras, dois caminhões, uma caminhonete e um Passat. No mínimo, seis pessoas estariam envolvidas na colheita dos grãos
- Cada caminhão usado comportaria, aproximadamente, 230 sacas de 60 quilos cada uma, totalizando 13,8 toneladas cada
- Em 80 hectares, a estimativa é de que se produza cerca de 190 toneladas de grãos. Portanto, seriam necessárias 13 viagens de caminhão para retirar a safra do local
- Para percorrer uma distância de 10 quilômetros, por exemplo, cada caminhão carregado levaria em torno de 20 minutos
- O tamanho da terra equivale a 160 campos de futebol
- Uma colheita normal em uma área de terra deste tamanho levaria três dias. Segundo as testemunhas, a colheita foi efetuada em dois dias, entre sábado e domingo


Zero Hora.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog