Após 37 anos, as disciplinas filosofia e sociologia estão muito próximas de voltar a fazer parte da grade curricular obrigatória do ensino médio. Já aprovado pelo Senado, o projeto de lei que prevê a inclusão das matérias aguarda apenas o parecer do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que deve acontecer até o início de junho. Filosofia e sociologia foram retiradas do currículo em 1971 pelo governo militar e substituídas, na época, por educação moral e cívica.
A lei é um grande resgate histórico daquilo que nos foi tirado na ditadura. Há muito tempo lutávamos por esta vitória - comemora o deputado federal Ribamar Alves (PSB-MA), autor do projeto de lei, fazendo referência a um outro projeto similar que foi vetado pelo ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, em 2001.
As disciplinas são obrigatórias nas três séries do ensino médio desde agosto de 2006, segundo um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) - órgão consultivo do Ministério da Educação (MEC). Pela resolução, todos os estados brasileiros tiveram até agosto do ano passado para fixar as medidas necessárias para a implantação da norma, no entanto não existe um prazo para que a inclusão aconteça.
De acordo com o deputado maranhense, como a resolução não tem poder de lei, ela pode ser questionada pelos conselhos estaduais de Educação, brecha que a lei não permite.
- Além disso, pela norma vigente, o ensino de sociologia e filosofia poderia ser feito de forma transversal. Desta forma, bastava, por exemplo, que um professor de outra matéria fizesse uma citação sociológica, para que a carga fosse cumprida - esclarece o deputado.
Segundo Alves, a maioria das escolas dos estados de Maranhão, Santa Catarina, Panará, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Rio de Janeiro já adotaram as duas disciplinas.
O deputado Ribamar Alves acrescenta que, pelo projeto de lei, filosofia e sociologia passam a ser consideradas disciplinas regulares da grade curricular do ensino médio e, por isso, devem ser lecionadas apenas por profissionais graduados nas áreas.
Na opinião da pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Bianca Freire Medeiros, que lançará, no fim do ano, o livro "A sociologia vai ao cinema", para alunos do ensino médio, a apresentação da disciplina aos jovens deve ser feita de forma viva, desafiadora e instigante.
- Essa é uma tarefa dificílima porque, apesar de a sociologia tratar de assuntos que nos afetam todos os dias, ela se vale de teorias e conceitos abstratos, de um vocabulário que não é o do jovem - afirma Bianca, que divide a autoria do livro com a professora Helena Bomeny.
O Globo.
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