sexta-feira, 16 de maio de 2008

Falso ''herói'' pega 110 anos por 4 mortes

Ele provocava parada respiratória em crianças de instituto para salvá-las.

O ex-técnico de enfermagem Abraão José Bueno, de 30 anos, foi condenado ontem a 110 anos de prisão pelo assassinato de quatro crianças e pela tentativa de assassinato de outras quatro, quando elas estava internadas no Instituto de Puericultura Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio (UFRJ), em 2005. Bueno injetava medicamentos nas crianças para provocar paradas respiratórias e ele mesmo socorrê-las, demonstrando maior capacidade profissional. Depois de condenado no Tribunal do Júri, a juíza da 8ª Vara Federal Criminal, Valéria Caldi, determinou a pena. O julgamento durou 35 horas e terminou por volta das 6 horas de ontem.

O procurador da República Jaime Mitropoulos, autor da denúncia, acusou-o de homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificado pelo fato de os pacientes assassinados serem crianças sem capacidade de defesa, pelo motivo ter sido torpe (busca de prestígio profissional) e pela forma insidiosa (já que ele se aproveitou de sua condição de técnico de enfermagem para o crime). "O julgamento desse acusado pelo júri popular reflete a resposta da sociedade aos atos hediondos que ele praticou e uma satisfação às famílias das crianças vitimizadas, que sofrem até hoje pelos graves fatos ocorridos no Hospital", afirmou o procurador da República José Augusto Vagos, que participou do julgamento.

Bueno escolhia o melhor momento para injetar os medicamentos nas crianças - sedativos, barbitúricos e bloqueadores musculares sem prescrição médica ou em doses elevadas, levando-as a sofrer súbitas paradas respiratórias e agravando o estado geral de saúde. O crime foi investigado depois de mais de 15 crianças terem sofrido paradas respiratórias num período de menos de um mês, sempre nos plantões do técnico de enfermagem. Uma médica foi destacada para vigiar Bueno e ele acabou descoberto. No dia em que foi preso, foram encontrados os remédios que usava nas crianças dentro de sua bolsa.


Estadão.

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