sábado, 10 de maio de 2008

Especialistas negam que jogos violentos formem assassinos

Jogar videogames não transforma as crianças em pessoas degeneradas, criminosos sedentos por sangue. A conclusão é de um novo livro produzido por Lawrence Kutner e Cheryl Olson, um casal de especialistas da faculdade de medicina da Universidade Harvard (EUA).

"O que eu quero que as pessoas percebam é que não há dados que suportem as preocupações simplistas segundo as quais os videogames causam violência", afirma Kutner, co-autor de "Grand Theft Childhood: The Surprising Truth About Violent Video Games and What Parents Can Do" ("O Grande Roubo da Infância: A Verdade Surpreendente sobre Videogames Violentos e o que os Pais Podem Fazer", em tradução livre).

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após estudarem, por dois anos, 1.200 crianças em idade escolar e suas atitudes em relação a esses jogos. Trata-se de uma abordagem diferente da maioria dos outros estudos, focados em experimentos de laboratório.
"O que nós fizemos e que tem sido feito raramente por outros pesquisadores foi conversar de fato com as crianças. Parece bizarro, mas isso não tem sido feito", afirma Kutner.

Segundo os pesquisadores, jogar videogame é praticamente uma atividade universal entre as crianças e proporciona intensas relações sociais.

Relação

Mas os dados de fato mostram a ligação entre essa prática e algum tipo de comportamento agressivo. Os especialistas descobriram que 51% dos garotos que usam jogos classificados para maiores de 17 anos entraram em pelo menos uma briga no ano anterior. Entre os que não jogavam, a taxa foi de 28%.

A diferença é ainda maior entre as meninas: 40% das garotas que usavam esses jogos haviam entrado em uma briga, contra 14% das que não jogavam.

Kutner e Olson afirmam que é necessário fazer novos estudos sobre o assunto, porque a pesquisa mostra apenas uma correlação, e não uma relação de causa. Não está claro se os jogos incentivam a violência ou se crianças naturalmente agressivas gostam mais de jogos violentos.

O livro pede que as crianças sejam analisadas em todo o seu comportamento: brigas freqüentes, notas ruins e o ato de jogas obsessivamente podem ser sinal de problema.

"Se você tem, por exemplo, uma garota que joga, durante 15 horas por semana, apenas jogos violentos, eu ficaria muito preocupado porque isso é muito pouco comum", diz Kutner. "Mas, para os meninos [o sinal de perigo] é não usar nenhum jogo --parece que, para essa geração, videogames são uma medida da competência dos garotos em se relacionarem socialmente", diz.


Folha de São Paulo.

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