sexta-feira, 23 de maio de 2008

Educação só é prioridade no discurso, criticam entidades

Nessa semana, cerca de 2 mil prefeitos reuniram-se em Brasília para as comemorações de um ano do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A reportagem da Agência Brasil apurou que alguns deles não sabiam o Índice de Educação Básica de seu município. O indicador é um termômetro da qualidade da educação básica e a principal meta do PDE é elevar esse índice até que o país atinja a média 6 em uma escala de 1 a 10. Os especialistas defendem que a educação só é prioridade no discurso, mas na prática não recebe a atenção que deveria dos gestores municipais.

“É preciso que as pessoas se dediquem um pouco para conhecer a realidade de seu município. Em muitos casos os prefeitos não se envolvem com a educação e os secretários não são dá área, não têm essa vivência”, aponta Maria Auxiliadora Rezende, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Ela lembra ainda que muitos gestores têm uma formação escolar limitada. “Não é só Ideb, se você for perguntar sobre o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], muitos não sabem”, afirma.

O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, considera um “problema sério” o prefeito não saber qual é o índice de seu município. “A população inclusive precisa cobrar desses prefeitos que eles saibam muito bem como está o nível da educação no seu município, mesmo o Ideb tendo problemas”, indica.

Maria Auxiliadora acredita que é necessária uma ampla campanha para que a sociedade e os próprios pais possam conhecer o Ideb de sua cidade e da escola em que o filho estuda. “A gente precisa melhorar muito a prestação de conta para a sociedade, o que os prefeitos estão fazendo com a responsabilidade que lhe deram. É preciso massificar, divulgar o Ideb do município, mostrar o que isso significa, ver o que está sendo feito, uma fiscalização pública”, aponta.

Daniel Cara defende que as secretarias municipais de educação precisam de mais autonomia de gestão, o que pode garantir a elas um peso maior dentro da prefeitura. “Diferente da área de saúde, em que a secretaria tem gestão absoluta pelo seus recursos, na educação não é assim. O que se percebe é que o prefeito acaba entendendo muito mais de saúde porque como o secretario de saúde tem liberdade na gestão o diálogo acontece de igual para igual”, explica.

Para a educação ser uma prioridade concreta nas gestões municipais, Maria Auxiliadora acredita ser necessária uma mudança de foco. “Na hora de escolher o secretário municipal de educação, muitas vezes, o prefeito não coloca alguém que é da área ou que tem o perfil, escolhe algum companheiro do partido. A gente sabe que isso é no país inteiro e o grande desafio é mudar essa lógica. Senão a educação sempre vai ser prioridade porque é chique, porque todo mundo cobra ”, critica.



Agência Brasil.

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