sábado, 24 de maio de 2008

Cerca de 250 mil crianças atuam em conflitos armados

Os esforços mundiais para dar fim ao recrutamento de crianças soldados não são suficientes, ou chegam muito tarde. Essa foi a conclusão a que chegou o Relatório Global 2008 "Crianças Soldados", da Coalizão para Acabar com Crianças Soldados, divulgado na última terça-feira (20), após constatar que 250 mil meninos e meninos ainda atuam em conflitos armados pelo mundo.

Até o final de 2007, havia crianças envolvidas em 17 conflitos, dez a menos que em 2004. A redução deve-se, principalmente, pelo fim de longos conflitos na África Subsariana. Mas, segundo Victoria Forbes Adam, diretora da Coalizão, "as estratégias atuais não tiveram o efeito desejado. Para alcançar maior progresso é necessário que se reconheça que a questão das crianças soldados não é relevante só para os especialistas nos direitos da infância".

O trabalho traz dados sobre o recrutamento militar de menores de 18 anos, em 190 países, em exércitos ou grupos armados não estatais, em tempos de guerra e em tempos de paz. E de acordo com ele, os meninos e meninas atuam em nove diferentes situações de conflito armado, além de integrarem grupos armados de 24 países, e exércitos de 26.

"Nem o consenso praticamente universal de que os menores não devem ser utilizados como soldados, nem os enérgicos esforços internacionais - das Nações Unidas- para dar fim ao fenômeno, conseguiram proteger milhares de crianças da participação na guerra. Onde surge um conflito armado é quase inevitável que os menores acabem participando dele como soldados", disse o relatório.

Na América Latina, o recrutamento de crianças se faz presente, com maior gravidade, na Colômbia, onde meninos e meninas atuam no conflito armado, que assola o país há cerca de 40 anos, tanto em grupos paramilitares - apoiados pelo governo -, como na guerrilha.

Em Mianmar (Birmânia), em Chad, na República Democrática do Congo, na Somália, no Sudão, em Uganda e no Iêmen, as crianças são exploradas diariamente nos conflitos. As meninas são mais afetadas, pois, além de exploradas nas forças de combate, elas são vítimas de abusos e violações sexuais.

Os métodos de exploração dos menores de idade são variados. Em Israel, as forças de defesa as utilizam como escudos humanos, colocando-as na frente do combate. Países desenvolvidos, que costumam colocar-se na vanguarda da proteção aos direitos humanos, como Inglaterra e Alemanha, permitem que menores de 18 anos se inscrevam em seus exércitos. A Inglaterra, inclusive, mandou meninos de 17 anos para o Iraque.

Os Estados Unidos não envia menores de 18 anos para as guerras que ajuda a promover, mas é acusado, assim como Israel e Burundi, de maltratar e/ou torturar menores, detidos durante os conflitos, que sejam suspeitos de serem associados a grupos armados.

O recrutamento militar de menores em tempos de paz dificulta a concretização de uma norma mundial que proíba a exploração das crianças em tempos de conflitos. Atualmente, pelo menos 63 governos permitem o recrutamento voluntário de adolescentes de 16 e 17 anos de idade.


Adital.

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