Mãe da garota disse que a família Nardoni não queria deixar menina sozinha com madrasta.
Taxista contou que madrasta teria reclamado da presença da menina.
O Bom Dia São Paulo teve acesso com exclusividade aos depoimentos das testemunhas de acusação no caso da morte da menina Isabella.
O pai e a madrasta da garota, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, estão presos acusados de terem assassinado a menina, que morreu ao ser jogada da janela do apartamento onde vivia seu pai, no sexto andar de um prédio, na Zona Norte de São Paulo, na noite do dia 29 de março.
Na presença do casal, a mãe de Isabella, a bancária Ana Carolina Oliveira, lembrou das palavras do pai da garota, Alexandre Nardoni, momentos depois da queda da menina do sexto andar. “O Alexandre estava do lado gritando para a polícia entrar que tinha ladrão dentro do prédio", disse.
Segunda a mãe da menina, este foi o único contato que os dois tiveram. “Em momento algum ele conversa comigo, não olha na minha cara, como se pra ele não tivesse acontecido".
No depoimento, Ana Carolina disse que a mãe de Alexandre evitava deixar Isabella sozinha com a madrasta e por isso pedia para Cristiane, irmã de Alexandre, cuidar da menina. "A Isabella não ficava mais com a Jatobá sozinha, à noite ela pedia para que a Cristiane fosse lá", contou.
A avó materna também falou deste mesmo assunto. Rosa Maria de Oliveira contou as conversas que tinha com dona Cida, mãe de Alexandre. "Tínhamos uma preocupação com relação à Jatobá, eu e ela, da Isabella dormir lá, devido ao ciúme doentio dela", afirmou.
Quando o juiz perguntou se a avó materna tinha notícia de alguma agressão a Isabella, ela respondeu que não e contou um episódio relatado pela avó paterna da garota envolvendo Alexandre e o filho de 3 anos do casal. “O Alexandre pegou o menino a uma certa altura e jogou o menino no chão por ter mordido a irmã", disse.
Uma antiga vizinha da família Nardoni, que hoje mora em Franca, contou que presenciou uma briga do casal. “Eu estava na minha garagem, foi quando ela começou uma discussão. O Alexandre não alterou a voz, aí ela passou a mão numa ferramenta e tacou nele", contou a ex-vizinha. “Depois ela gritou tanto, ela batia os pés na sala da casa da Cida, e ficou gritando assim durante dez minutos", acrescentou.
Segundo Benícia, o motivo da discussão teria sido o ciúme que Anna Jatobá tinha da mãe de Isabella. Mesmo sentimento que, de acordo com a antiga vizinha, levava a madrasta a disputar o colo de Alexandre com a enteada. "Se o Alexandre estivesse sentado lá no churrasco a Isabella vinha e pendurava no pai, aí a Carol vinha e tirava ela de lá e sentava ela no colo", disse.
Um taxista que teve o nome mantido sob sigilo também prestou depoimento. Ele disse que levou Anna Jatobá e uma criança de colo da Avenida Mazzei até o edifício London em fevereiro. Na época, ele não conhecia Anna Jatobá. Em uma conversa informal, o taxista comentou que tinha se separado da mulher e Anna Jatobá então, desabafou, segundo ele.
"Ela disse que estava quase se separando do marido dela na época. Ela falou que era por causa da enteada dela. Ela alegou que ele dava mais atenção, mais carinho para Isabella do que para ela e para os filhos. No fim de semana, quando a menina ia para lá, o sossego deles acabava. Ela disse que um dia iria resolver isso", relatou o taxista.
O morador do edifício London, que chamou a polícia minutos depois da queda de Isabella, foi outra testemunha ouvida pelo juiz. O vizinho, que mora no primeiro andar do prédio, contou o que ouviu na noite em que a menina morreu. "Um grito de uma criança em desespero, não sei voz de quem: papai, papai, pára, pára, pára; uma criança querendo, sei lá, alguma ajuda", disse.
No depoimento, o morador disse também que um outro vizinho, Jefferson Frichi, chegou a falar com o filho de 3 anos do casal Nardoni logo depois do crime. Jefferson estava no hall do prédio quando Anna Jatobá desceu com os dois filhos. Com o menor no colo, ela foi até a portaria e discutiu com o porteiro. Foi nesse momento que Jefferson diz ter falado a sós com o menino.
"No dia do acontecido, próximo à porta de vidro, perguntou ao menino ‘entrou alguém no seu apartamento?’ E ele falou ‘não, não entrou, não foi ninguém’. E falou ‘quem fez isso com tua irmã?’ E ele não conseguia falar, estava muito assustado", contou o morador.
Os depoimentos das testemunhas da defesa estão marcados para os dias 2 e 3 de julho. Depois disso, o juiz vai ouvir também o morador do edifício London que diz ter conversado com o filho de 3 anos do casal na noite do crime.
G1.
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