Ministério Público considera o trabalho nas ruas prejudicial à formação dos adolescentes, mas os jovens não sabem o que fazer.
A Justiça do Trabalho não vai mais permitir que menores de 18 anos trabalhem como engraxates em Londrina. A mudança atende ao pedido do do Ministério Público que considera o trabalho nas ruas prejudicial à formação dos adolescentes.
“Agora não sei o que eu vou fazer, já que ninguém contrata menor. Saí da rua para vir para cá (Liga dos Engraxates), onde aprendi a andar com as minhas próprias pernas, comecei a valorizar o dinheiro”, diz o engraxate Michael Campos, de 17 anos.
Ele e os colegas podem perder o trabalho como engraxates no calçadão de Londrina por causa da decisão do juiz Manuel Vinícius de Oliveira Branco, da Justiça do Trabalho. Na decisão, ele justifica que essa atividade pode ser perigosa e prejudicial aos garotos.
A Liga dos Engraxates de Londrina existe há 42 anos e hoje tem 18 meninos de 16 e 17 anos de idade. São garotos pobres que ganham café da manhã e almoço. Todo o dinheiro recebido pelo serviço fica com eles. Em troca, é obrigatório que estejam freqüentando a escola.
A proibição do trabalho dos garotos ainda não é definitiva. A Liga dos Engraxates tem até o dia 7 de julho para entrar com um recurso na Justiça e tentar provar que engraxar sapatos no calçadão não é uma atividade perigosa. “A liga é que dá um suporte para eles, uma educação religiosa, que encaminha para um curso profissionalizante. Não tem como ser alegado que o trabalho lá possa prejudicá-los”, afirma o advogado da Liga dos Engraxates, Paulo Dalle.
No calçadão de Londrina, muitas pessoas não concordam com a decisão do Juiz. “O Juiz está errado, tem que deixar eles engraxar para ganhar o dinheirinho deles”, afirma o aposentado Jair de Carvalho. “Melhor engraxar do que ficar comentendo delito aí na rua. Eu trabalhei desde criança e graças a Deus sou uma pessoa honesta”, opina o montador Nelson Oliveira.
Lembrando que, pela lei, menores de 16 anos não podem trabalhar. De 16 a 18, eles podem ser contratados como aprendizes.
Zero Hora.
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