Mãe e padrasto de morto pedem quebra de sigilo telefônico de testemunhas.
Além disso, eles querem esclarecer se houve omissão de socorro.
Preocupados com a imagem do filho, que não querem ver retratado como um 'bad boy' (arruaceiro), a mãe e o padrasto do jovem que morreu assassinado próximo a uma boate, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, na madrugada de sábado (28), disseram na tarde desta segunda (30) que vão fazer uma petição para sugerir que sejam ouvidas novas testemunhas.
Eles vão pedir ainda a quebra do sigilo telefônico de uma pessoa que estaria acompanhando o suposto assassino de seu filho.
O PM Marcos Peireira do Carmo, suspeito de matá-lo com um tiro, se apresentou à polícia na tarde do sábado (28). Para a mãe e o padrasto de Daniel Duque, que tinha 18 anos, o depoimento de novas testemunhas e quebra de sigilo vão ajudar a esclarecer o caso.
“A gente não quer vingança. A gente só quer fazer a justiça. A gente não quer que seja invertido o caso porque meu filho está morto e não está aqui pra se defender, então, podem colocar ele como o ‘bad boy’. Eu não vou deixar ninguém deturpar a imagem dele. Ele não era isso.Qualquer um pode falar. Pode perguntar para o barraqueiro da praia onde ele jogava altinho e ele vai dizer quem era o Daniel”, disse a mãe do jovem, Daniela Duque.
"Todas os amigos do Daniel já prestaram depoimento, mas, na nossa opinião, ainda falta ouvir algumas pessoas do outro lado", explicou o padrasto de Daniel, Sérgio Coelho.
A mãe e o padrasto do rapaz estão ainda preocupados em esclarecer se houve omissão de socorro e se foi dada proteção ao assassino após o ataque.
“Queremos saber se houve cumplicidade com o assassino, pois ele saiu do lugar com quatro pessoas dentro do carro, então, essas pessoas deram, de certa forma, cobertura para um assassino”, explica a mãe.
MP vai investigar morte de jovem
O procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, afirmou no domingo (29) que será instaurado um procedimento administrativo no Ministério Público para apurar as circunstâncias em que o jovem foi baleado e morto próximo a uma boate, após ser atingido por um tiro que teria sido disparado pelo policial militar Marcos Parreira do Carmo. O PM fazia, há sete anos, a segurança de uma promotora e, segundo a Polícia Civil, estaria acompanhando seu filho.
Marfan informou que determinou ao coordenador de segurança e inteligência do MP a instauração do procedimento nesta segunda-feira (30). Segundo Marfan, o policial e as testemunhas do caso serão ouvidos. O procurador informou que a apuração independe do processo criminal e, se for comprovado desvio de conduta e falta de cuidado, o policial será devolvido à corporação. Se for o caso, o MP pode recomendar aplicação de sanções ao PM. O policial está preso e foi autuado em flagrante por homicídio.
Proteção se estende à família
Segundo o procurador, a arma usada no crime, uma pistola 380, é de propriedade da Polícia Civil e estava emprestada ao MP para uso do policial. O PM integra o Grupo de Apoio a Promotores (GAP), da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público, que conta com 200 homens. Marfan ressalta que a maioria desses policiais, civis e militares, trabalha dando apoio aos promotores, atuando, por exemplo, em diligências.
Segundo Marfan, os policiais atuam como seguranças de alguns promotores que estão ameaçados de morte por conta do exercício de suas funções. Nesse caso, a proteção se estende à família.
Parentes e amigos inconformados
O corpo de Daniel foi enterrado no fim da tarde de sábado (28), no Cemitério do Caju. Parentes e amigos estavam chocados e inconformados com a violência.
Um dos amigos do jovem contou que eles estavam comemorando um aniversário. Por volta de 5h, o aniversariante, acompanhado de Daniel e de outro rapaz, teriam decidido sair da boate. Daniel teria seguido na frente com um deles. Segundo o amigo, quando ele chegou na rua, viu que os dois estavam envolvidos em uma briga, em que Daniel teria ficado bastante machucado. Foi quando teriam sido ouvidos três tiros.
Uma das testemunhas, que não quer ser identificada, confirma a versão e diz que quem atirou foi o segurança de um dos rapazes de outro grupo.
“O segurança foi defender o patrão. Só que o segurança do cara se envolveu. Deu três tiros para o alto para parar, Não parou, o segurança foi e deu um tiro”, contou a testemunha.
Os amigos de Daniel contaram ainda que, depois dos tiros, o segurança se afastou. Eles então levaram Daniel para o hospital sem saber que ele tinha sido baleado. Somente no hospital foi confirmado que o rapaz tinha sido atingido no peito. O jovem não resistiu aos ferimentos.
G1.
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