quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ecstasy no topo: drogas sintéticas lideram apreensões

A polícia paulista retirou das ruas no ano passado 84,2 toneladas de entorpecentes em todo o Estado. O volume é 29% maior do que o registrado no ano anterior. O crescimento foi mais expressivo entre as drogas sintéticas.


A polícia paulista apreendeu 84,2 toneladas de drogas no Estado em 2007. Houve um aumento de 29% em relação a 2006, quando foram retiradas das ruas 65,5 toneladas de entorpecentes. Com um avanço de 78%, as drogas sintéticas lideraram o crescimento das apreensões. Foram 176 quilos no ano passado, contra 99 quilos no anterior.

As 84,2 toneladas de drogas apreendidas em 2007 equivalem à média de sete toneladas por mês. 'Cada grama apreendido é uma vitória nossa', afirmou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, no último dia 5, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado.

Na avaliação do juiz aposentado e ex-secretário nacional Antidrogas, Walter Fanganiello Maierovitch, o crescimento das apreensões dos sintéticos tem uma explicação: 'A procura por esse tipo de droga vem aumentando. Ela pode ser produzida em fundo de quintal'.

Maierovitch disse, no entanto, que o Brasil e os países em desenvolvimento fazem o inverso das nações do Primeiro Mundo. 'Nos países ricos, o crime organizado apostou na cocaína. Essa droga é imbatível na Europa e também nos Estados Unidos. Ela causa menos problema para os traficantes. Já as drogas sintéticas provocam mais overdose, parada cardíaca e ataque cardíaco', argumentou.

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, no Estado de São Paulo, a apreensão de cocaína caiu 10% no ano passado em relação a 2006. As polícias Civil e Militar apreenderam 9,9 toneladas de cocaína em 2007, contra 11 toneladas no ano anterior.

O ex-secretário nacional Antidrogas ressaltou, porém, que é preciso ter cautela ao comentar a divulgação de dados sobre apreensões de drogas. 'Para ter a confiabilidade de dados é necessário saber, por meio de exames periciais, a pureza do produto retirado da rua. É uma tendência mundial a polícia 'batizar' a droga para mostrar serviço. Misturam um produto e o peso aumenta', acrescentou Maierovitch.

O juiz aposentado disse ainda que até em países europeus a polícia mistura algum produto nas drogas para aumentar as apreensões. 'A polícia inglesa fazia isso com maconha para melhorar as estatísticas. E aqui no Brasil, o que temos de confiável nas apreensões?', indagou Walter Maierovitch.

Já o coronel da reserva da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, disse que a apreensão de 84,2 toneladas de drogas no Estado em 2007 é reflexo do bom desempenho da polícia paulista. O oficial acrescentou que esse resultado positivo é comprovado também pelos números de prisões efetuadas e armas apreendidas.

Prioridade

Ronaldo Marzagão revelou à CPI que a polícia paulista apreendeu 23.443 armas no Estado no ano passado, quase 2 mil por mês. No mesmo período também foram presas 103 mil pessoas. Para o coronel José Vicente da Silva Filho, a polícia paulista tem sido mais eficiente do que a do Rio de Janeiro.

No depoimento à CPI, Ronaldo Marzagão deixou claro que uma de suas prioridades é o combate ao tráfico de drogas. O secretário afirmou também que, nos quatro primeiros meses deste ano, as polícias Civil e Militar apreenderam 3,5 toneladas de entorpecentes no Estado.

Tanto em 2006 quanto em 2007, a maior quantidade de droga apreendida foi a maconha, considerada a mais barata. Foram apreendidas 73,4 toneladas no ano passado contra 53,9 toneladas no anterior.


Jornal da Tarde.

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