sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tráfico invade espaço e aterroriza crianças e professores, em creche de Sarandi

Local originalmente destinado a brincadeiras foi tomado por usuários e traficantes de drogas; crianças ficam trancadas na creche, impedidas de freqüentar o parque infantil.


As 230 crianças de Sarandi que passam o dia na Creche Menino Jesus, enquanto os pais trabalham, ficam impedidas de sair da sala até mesmo na hora do recreio.

Os meninos e meninas estão não podem brincar no parquinho, que apodrece no pátio da Creche, e se assustam com qualquer movimento externo. As crianças e os 34 funcionários sentem-se reféns de usuários de drogas e traficantes que passam o dia no local fumando maconha e crack.

Todos temem que, a qualquer momento, as salas sejam invadidas ou que haja brigas ou até tiroteio, como já ocorreu.

Na manhã desta quinta-feira, com a intenção de colocar um fim na situação, homens e mulheres que têm filhos matriculados na Creche fizeram um piquete no portão, não permitiram a entrada das crianças e exigiram a presença do prefeito Cido Spada (PT).

Os manifestantes consideram que a ousadia dos traficantes precisa ser enfrentada e que as autoridades negligenciam sobre o caso.

O prefeito não compareceu, mas recebeu um recado levado por um funcionário da Prefeitura: se ele ou pelo menos o secretário da Educação não aceitar discutir providências a serem tomadas, outras manifestações serão organizadas.

Às 13 horas, os pais voltaram à Creche. Mais uma vez nem prefeito, nem o secretário apareceram. Com meia hora de atraso, o chefe do Setor de Compras da Prefeitura e o diretor administrativo da Secretaria de Educação chegaram para dizer que a exigência dos pais seria atendida.

Localizada no Jardim Paulista, a Creche Menino Jesus é a segunda mais antiga de Sarandi e atende crianças dos jardins Verão, Anelisa, Bela Vista, Esperança, Cometa, Paulista, Nova Aliança e até do Sol Nascente.

Apesar do tempo de funcionamento, a proteção da Creche se limita a um pequeno muro de um metro de altura na parte da frente. No resto do terreno de quase um hectare havia uma cerca de arame, que há anos deixou de existir.

Com isso, o pátio é invadido por pessoas que usam a área para consumir drogas. Acomodam-se no parque infantil ou debaixo das muitas árvores existentes no terreno.

São jovens e adultos, que chegaram a instalar bancos debaixo das árvores para ficar mais à vontade. Os brinquedos do parquinho - balanços, gangorras e outros - foram destruídos.

Os cigarros de maconha e cachimbos para uso de crack são acesos sem preocupação alguma. Quando chove, o grupo - que às vezes chega a ser de até 30 pessoas - acomoda-se na varanda da Creche.

Enquanto os noiados ficam à vontade do lado de fora, as crianças e professoras se mantêm confinados nas pequenas salas.

“As crianças estão sempre apreensivas, pois muitos fatos traumatizantes aconteceram desde que esse pessoal escolheu o pátio da Creche para consumir drogas”, disse uma das professoras.

Ela se referia às vezes que a Polícia Militar dá batidas nas proximidades.

“Na semana passada, oito viaturas chegaram de uma vez, cercaram a creche e dezenas de policiais apareceram de armas na mão. Houve tiros e nós e as crianças tivemos que permanecer deitados no chão. Fatos como esse marcam a criança para o resto da vida e a creche deixa de ser um ambiente que transmite segurança e tranqüilidade”, completou.


O Diário do Norte do Paraná.

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