quinta-feira, 3 de julho de 2008

Promotor diz que depoimentos de defesa do casal Nardoni foram ‘precários’

Francisco Cembranelli acompanhou depoimentos do caso Isabella nesta quarta-feira (2).
Para promotor, testemunhas só mostraram ter relacionamento longo com família Nardoni.

O promotor Francisco Cembranelli disse em entrevista na noite desta quarta-feira (2) no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, que as 14 pessoas trazidas pela defesa para depor apenas “demonstraram que tinham um relacionamento mais antigo" com a família (Nardoni) e com os acusados.

“A defesa tem o direito de trazer quem ela acha melhor. O fato de serem parentes ou amigos não significa que não podem dar o depoimento deles. Mas eles trouxeram elementos muito precários”, afirmou o promotor.

Para Cembranelli, o pedreiro que prestava serviço no apartamento do casal Nardoni na época da morte de Isabella voltou a ser o alvo da vez da defesa na tentativa de imputar a autoria do crime a um terceiro.



“O porteiro já passou por este processo. Outras pessoas também passaram por isso, até mesmo a mãe (Ana Carolina Oliveira) passou por este constrangimento, de ter que responder perguntas meio que sob suspeita. Parece que a intenção é desviar o foco do que interessa. Atira-se para todos os lados”, declarou.

Além disso, ele considerou inválida a tentativa das testemunhas de demonstrar que o casal mantinha um relacionamento harmonioso. “A própria acusada (Anna Carolina Jatobá) disse claramente no depoimento dela que, no apartamento no qual moravam anteriormente, eles tinham brigas constantes”, lembrou.

Nesta quinta-feira (3), o juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri de São Paulo, irá ouvir, a partir das 13h, mais 13 testemunhas trazidas pela defesa. Inicialmente, nesta quarta, estavam previstos o depoimento de 16 pessoas, mas uma delas foi dispensada pela defesa de última hora e a outra irá depor apenas nesta quinta – o depoimento dela estava previsto para os dois dias.

Depoimentos relevantes

O advogado do casal Nardoni, Marco Pólo Levorin, por sua vez, considerou todos os depoimentos “muito relevantes”, principalmente o do jornalista de um jornal diário que faz a cobertura da morte de Isabella, que teria confirmado que gravou uma entrevista com um pedreiro confirmando o arrombamento de uma obra que está sendo realizada atrás do condomínio London.

Posteriormente, o pedreiro, em depoimento à polícia, negou o arrombamento. “Tivemos a confirmação da reportagem que fala sobre o arrombamento naquele dia”, disse Levorin.

Para o advogado, os depoimentos também foram importantes para mostrar que o casal não vivia brigando, ao contrário do que afirmaram as testemunhas de acusação.


Apartamento intocado

Também nesta quarta-feira, uma tia de Alexandre Nardoni, Fernanda Oliveira Silva Moura disse que acompanhou a sobrinha, Cristiane Nardoni, quando ela esteve no apartamento do casal Nardoni no Edifício London, logo após a morte da menina Isabella, na noite de 29 de março.


Segundo Fernanda, ela e Cristiane foram até o apartamento e não mexeram em nada, apenas apagaram as luzes e deixaram o local. Ela falou que policiais as acompanharam nesse momento.


Prédio inseguro

A quinta testemunha a ser ouvida nesta tarde foi a corretora de imóveis Joana Selma Andrade da Silva. Ela disse ter ido ao Edifício London por volta das 14h do dia 29 de março para mostrar a um cliente apartamentos que estavam à venda. Joana disse em seu depoimento que estranhou o fato de o porteiro do prédio não ter pedido que ela apresentasse nenhum documento para entrar no local.


Segundo a corretora, ela chegou ao prédio acompanhada do dono da imobiliária em que trabalha e de um cliente. O porteiro teria permitido a entrada dos três após consultar um outro corretor que estava de plantão dentro do Edifício London. Joana afirmou ter passado cerca de uma hora no prédio e que não viu pedreiros trabalhando nos apartamentos que visitou.


Jornalista

A primeira testemunha a depor nesta quarta foi um jornalista que participou da cobertura do caso Isabella. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, ele confirmou as informações dadas na reportagem feita na época do crime e disse que tinha a entrevista com o pedreiro gravada. O jornalista fez uma matéria entrevistando o funcionário de uma obra atrás do prédio onde Isabella morreu. Ele teria dito ao repórter que o local havia sido arrombado na mesma noite do crime.




Últimas testemunhas

As seis últimas testemunhas da defesa foram ouvidas em pouco mais de duas horas nesta quarta-feira. Uma delas, inclusive, foi questionada por apenas dois minutos – das 17h40 às 17h42. Em síntese, todas tentaram demonstraram, com suas informações, que o casal Nardoni mantinha um relacionamento harmonioso e que não tinham presenciado qualquer cena de ciúme por parte de Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella.

A 11ª testemunha a depor, proprietária de uma loja de móveis sob encomenda, declarou contou à Justiça que apenas na primeira vez que foi ao prédio onde o casal morava que lhe pediram para se identificar. Nas demais visitas ao local, disse que entrou sem qualquer problema no edifício através de uma porta lateral utilizada por funcionários. Com o depoimento dela, a defesa tentou reforçar a tese da fragilidade da segurança do condomínio London.

E a 13ª testemunha declarou que deu a cadeira para transportar crianças em automóveis para Alexandre Nardoni, de quem se declarou muito amigo, no final do ano passado.


G1.

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