quinta-feira, 3 de julho de 2008

PM foca blitze da lei seca em jovens

A maior parte do efetivo e dos bafômetros em SP estará nas imediações de bairros com alta densidade de bares.

Homens e mulheres, com menos de 25 anos, tornaram-se os principais alvos da fiscalização da lei seca em São Paulo. A Polícia Militar informou que vai priorizar os locais onde há maior concentração de jovens nas blitze que monitoram a dosagem alcoólica dos motoristas. A maior parte dos bafômetros estará nas imediações de bairros com alta densidade de bares e casas noturnas, nas regiões central, oeste e sul.

Eleger um público específico nas operações é uma estratégia da PM para equilibrar uma equação formada pelos seguintes fatores: 4,8 milhões de veículos circulam diariamente em São Paulo; só 51 aparelhos digitais medem a alcoolemia dos condutores; e 30% dos motoristas, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), misturam álcool e direção.

Para reafirmar o alcance da fiscalização da nova lei de trânsito, que estabelece limite mínimo de 0,1 miligrama de álcool por litro de ar expelido, o major da Polícia Militar Ricardo Fernandes de Barros, que está na linha de frente da Operação Direção Segura, justifica que foi traçado um foco de atuação. "Não temos a pretensão de que todos os 11 milhões de paulistanos sejam monitorados pelo bafômetro. O nosso enfoque está em coibir as tragédias no trânsito, provocadas pelo consumo de bebidas alcoólicas", afirmou. "E são os jovens que mais matam e morrem nestes acidentes. Não vamos monitorar os bufês infantis", completou, para justificar a escolha de quinta, sexta-feira, sábado e domingo como únicos dias de blitze.

ESPECIALISTAS

O argumento da PM está alinhado às pesquisas que analisam as conseqüências do beber e dirigir. O Departamento de Medicina Legal da Universidade de São Paulo (USP) identificou que 45% dos motoristas e motociclistas que morreram no trânsito paulistano haviam bebido na noite do acidente - com base na análise de 326 laudos do Instituto Médico-Legal (IML). Do total de embriagados, um em cada cinco tinha entre 18 e 24 anos. Já no levantamento da Unifesp, feito com 5.250 motoristas em cinco capitais, foi apurado que 31% beberam antes de pegar no volante. Dessa parcela, 79,5% estavam na faixa etária que fica entre 18 e 30 anos.

Mas os especialistas discordam do foco escolhido pela polícia. "Priorizar dias específicos, regiões e público é um erro. Pode acarretar a chamada fiscalização viciada, ou seja, todo mundo sabe onde tem blitze ", argumenta o consultor de trânsito, Horácio Figueira. "As pessoas passarão a beber em outro horário, mudar de bar e de dia de semana." Ronaldo Laranjeira, psiquiatra responsável pela Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas (Uniad), também acredita ser preciso ampliar a fiscalização. "A lei só pega se as operações forem ofensivas."

Neste fim de semana, haverá uma grande operação de fiscalização concentrada especialmente nos bairros boêmios das Vilas Madalena, Olímpia e Mariana. Ontem, o secretário de Segurança Pública , Ronaldo Marzagão, afirmou que, se o motorista se recusar a passar pelo bafômetro ou exame de sangue, mas tiver sinais evidentes de embriaguez, "a prova testemunhal ou pericial, realizada pelo médico (clínico) será aceita pela Justiça".


Estadão.

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