segunda-feira, 14 de julho de 2008

Comum no trânsito, "dia de fúria" invade local de trabalho

Saia da frente, fúria no trânsito. Vem aí a fúria no trabalho.

A raiva no local de trabalho --patrões e empregados irritados, insultos, pavio curto ou coisa pior-- é cada vez mais comum nos Estados Unidos, nesta época em que os americanos se deparam com alta de custos, incertezas profissionais e dívidas absurdas.

"Esse comportamento vai da simples grosseira às atitudes extremamente abusivas", afirma Paul Spector, professor de psicologia industrial e organizacional da Universidade do Sul da Flórida. "Os casos graves de violência fatal ganham os holofotes, mas de certa forma isso é insidioso, pois o problema afeta milhões de pessoas."

Spector diz que uma de suas pesquisas mostrou que 2% a 3% das pessoas admitem ter empurrado ou batido em alguém no trabalho. Considerando-se os 100 milhões de trabalhadores nos Estados Unidos, isso significaria 3 milhões de pessoas.

Choro e medo

Pesquisas mostram que cerca de metade dos trabalhadores dos Estados Unidos reclamam de gritos e outros abusos verbais no trabalho, e um quarto deles admite ter chorado nessas ocasiões. Um estudo concluiu que um sexto deles se queixa de danos causados pela raiva no trabalho --e um décimo diz ter sofrido violência física e sentir medo no local em que exerce sua profissão.

"É um desastre total", diz Anna Maravelas, autora do livro "How to Reduce Workplace Conflict and Stress" ("Como Reduzir Conflitos e Estresse no Trabalho"). "Grosseria, impaciência e raiva... Costumávamos ser assim em casa, mas no trabalho tentávamos ser profissionais. Agora, está praticamente virando moda ser assim no trabalho", considera ela. "As pessoas estão perdendo a vergonha."

Pressões da conjuntura atual, como a alta no preço dos combustíveis, pioram os humores, lembra John Challenger, diretor da empresa de consultoria Challenger, Gray & Christmas. "As pessoas chegam ao trabalho após um longo caminho, sentados em meio ao trânsito vendo seu rendimento ir pelos ares. Eles estão prontos para brigar", afirma ele.

Tipo A

Os piores tipos nas relações no trabalho são os profissionais acima da média, que têm desempenho superior, afirma Rachelle Canter, especialista em psicologia social e locais de trabalho.

"O perfil comum [do agressor] é o tipo A, muito, muito esperto e que traça metas impossíveis para ele e para os outros", diz Rachel. "Esses tipos são tão confiantes --talvez confiantes demais-- no sucesso e tão preocupados com a concorrência que perdem o senso de perspectiva, passando a hostilizar os outros."


Folha de São Paulo.

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