Por Neemias Moretti Prudente
O bullying é uma prática presente no cotidiano, um problema mundial, que ocorre em vários ambientes, tais como locais de trabalho, entre vizinhos, famílias, através da internet, telefone celular. Sobretudo, é no ambiente escolar que a prática está mais presente. Apesar da maioria das pessoas desconhecerem o tema, sua gravidade e abrangência, ultimamente este fenômeno tem chamado a atenção e aos poucos está sendo reconhecido como causador de danos e merecedor de medidas para sua prevenção e enfrentamento.
Por bullying escolar se compreende as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação, praticadas por um ou mais aluno contra outro aluno da escola incapaz de se defender. Entre as atitudes agressivas mais comuns estão as agressões físicas, verbais e até sexuais, maus tratos, humilhações, exclusão, discriminação, extorsão, perseguições, ameaças, danificação de materiais etc.
Geralmente a vítima de bullying é escolhida conforme características físicas, psicológicas ou de comportamento diferenciado. O alvo da agressão costuma ser quem o grupo considera diferente. Estas atitudes agressivas trazem vários danos as vítimas, entre elas estão a baixa auto-estima, dificuldade de relacionamento social e no desenvolvimento escolar, ansiedade, estresse, fobia escolar, tristeza, medo, dores não-especificadas, depressão, abuso de drogas e álcool, podendo chegar ao suicídio e a atos de violência extrema contra a escola.
Segundo recente pesquisa divulgada (Plan), no Brasil, os resultados mostram que 70% dos 12 mil estudantes pesquisados em seis Estados afirmaram ter sido vítimas de violência escolar. Outros 84% desse total apontaram suas escolas como violentas. Ainda, segundo a pesquisa, pelo menos um terço dos estudantes do país afirmou estar envolvido nesse tipo de atitude, seja como agressor ou como vítima.
O aumento da visibilidade das violências nas escolas permite identificar e enfrentar o problema e buscar respostas adequadas. As respostas repressoras, como a expulsão do aluno, são validas, mas só devem ser aplicadas em últimos casos.
Imagina a cena. Um aluno ofende um colega de sala com um apelido humilhante. Pouco tempo depois, a pedido da vítima, os dois se reúnem na presença de outras pessoas (famílias, professores etc.) e, após das devidas desculpas, é feito um acordo para que o confronto não volte a acontecer. Isso é possível? Sim, é possível e tem se mostrado muito eficiente através dos círculos nas escolas.
No Brasil os círculos vêm sendo promovidos em São Caetano do Sul, Heliopólis, Garulhos e está se expandindo para outros municípios e Estados. Os círculos são feitos por meio do conceito da justiça restaurativa, em que a vítima e o agressor, e outros interessados no caso, com a ajuda de um facilitador treinado (professor, assistente social etc) tem a oportunidade de se reunirem, falarem sobre os motivos e conseqüências do ato, visando identificar as necessidades da vítima e obrigações do ofensor.
O agressor se responsabiliza pelo dano e chegam a um acordo de reparação a vítima. A reparação é feita e as partes restauram seus relacionamentos. Com os círculos, escolas aprendem que, em vez de punir, é melhor dialogar para resolver os conflitos e reparar danos. Fica a provocação: Por que não começar este projeto aqui? É nossa ação antibullying.
Por Neemias Moretti Prudente, O Diário do Norte do Paraná, Maringá, n. 10.661, 8 de Novembro de 2008. Opinião, p. 2.
Um comentário:
poxa, eu não sei pq meu blog aparece com há ultima postagem feita há 4 meses atras , se eu estou atualizando-o quase todos os dias...
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