segunda-feira, 2 de junho de 2008

Milícias comandam 78 comunidades no Rio

Distantes de Realengo, mas com o mesmo rótulo. Formadas no começo dos anos 80 para "proteger" quem vive aonde o Estado raramente chega, as milícias armadas já estão em 78 comunidades (a maioria na Zona Oeste da cidade). E a expansão nos últimos quatro anos segue num ritmo acelerado. Neste período, os números da Secretaria de Segurança Pública mostram que, a cada mês, pelo menos uma favela é invadida e ocupada pelos grupos. Juntos, os bairros de Jacarepaguá, Praça Seca e Itanhangá concentram 30% das comunidades controladas pelos paramilitares. A cobiça emergente chama-se Cidade de Deus, a única que permanece nas mãos do Comando Vermelho e é desejada pela capacidade de produzir dinheiro. Explica-se: lá moram mais de 50 mil pessoas, que podem ser transformadas em consumidores da TV por assinatura da milícia (gatonet) e usuários das Kombis piratas. Sem contar com o ágio que sempre cobram sobre a venda de botijões de gás.

A principal comunidade liderada pelos grupos armados é também o berço da milícia: Rio das Pedras, em Jacarepaguá. Foi lá que os policiais e ex-agentes iniciaram a história na cidade como uma cópia (com olhar mais financeiro) dos grupos de extermínio que nos anos 70 e 80 aterrorizaram a Baixada Fluminense. Impuseram o terror, eliminaram os rivais e assumiram os serviços sociais. No passo seguinte, controlaram o transporte, a entrega de gás e materiais de construção. Com os traficantes, aprenderam a distribuir cestas básicas e pequenos favores para criar uma rede de proteção e aliados na comunidade.



O Dia

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