sábado, 14 de junho de 2008

Brasil - Política "para" ou "com" a juventude?

Porque é tão pouco o número de jovens que se inserem ou se interessam na e pela política? Parece normal na sociedade, quando se fala em política, não é algo que envolve o jovem, bem como não é também uma conversa que se ouve numa "roda" rapazes e/ou moças. Ouve-se muito da "boca" dos governantes, sobretudo quando candidatos, falar em políticas públicas "para" a juventude. Com isso, sonham e prometem projetos que atendam as "necessidades" do jovem, de modo assistencialista e utilitarista. Porém, é notável que fica apenas no papel e nas palavras. No entanto parece que é mais necessário tratar de políticas publicas "com" a juventude. Isso quer dizer que o jovem deve ser um protagonista da política, de maneira participativa e, não somente um agente passivo de um programa de políticos de partidos. Mas é claro! Pode ser "areia no eixo" do sistema político, envolver o jovem nesse meio ou pelo menos esclarecê-lo.

Dom Pedro Casaldáliga lembra na introdução da Agenda Latino-Americana 2008, que entre o povo simples da nossa sociedade, tem-se ainda o costume de dizer o termo "estar político", como um sentido pejorativo que significa "estar mal" com o outro, "estar brigado". Deste modo a política é compreendida como algo que divide as relações. Haja vista, que é comum em toda a sociedade, a divisão política em conseqüência de uma política partidária, que influencia revoltas, guerras, enfim carece de um referencial de ordem. Sem esquecer que grande parte da população vê a política apenas como função partidária.

Aristóteles nos diz que o "homem é um animal político" (zoon politikun). Ou seja, a própria natureza humana apresenta um caráter político, por que busca uma finalidade por si só, relacionada então com a melhor forma de viver em comunidade, como um ser pensante.

Porem é possível perceber, que mesmo sendo o homem um zoon politikun, é preciso cultivar nele e com ele os princípios políticos em geral e, sobretudo da política representacional partidária. Entende-se que, é preciso fomentar o desempenho político do jovem a partir dos conceitos que se tem da política.

O que mais pode suscitar no jovem o desejo e o interesse pela política?

Vê-se no decorrer da historia política, sobretudo no Brasil, que: política é para aqueles que têm muito dinheiro, por outro lado percebe-se que há uma determinada tradição política que muito parece hereditária. Os mandatos que passam de geração em geração da mesma família: de pai para filho, para neto etc. Geralmente há famílias de grande renome político em toda a sociedade.

Percebe-se que a idéia de política, de um modo geral, aos olhos da sociedade é um tanto quanto "suja". Rubem Alves, quando fala de política, associa-a à "arte da jardinagem aplicada às coisas publicas" (Agenda Latino-Americana 2008, p. 42). O político é o jardineiro que cuida da beleza de um jardim que não é apenas dele, mas de todos daquele lugar. Jardim é o espaço onde todos desfrutam da mesma beleza com igualdade.

Será que a sociedade brasileira está convicta de tal conceito de política? Realmente, é repassado para os jovens essa visão sobre a política? Ou eles têm apenas o conhecimento empírico da realidade e por isso não acreditam em possíveis mudanças? A centralização da política partidária, sob domínio familiar e/ou de alguns personagens (por sinal, corruptos) como é comum no Brasil afasta o interesse do jovem pela política? Afinal, como e qual está sendo a formação política do jovem hoje? Que tipo de motivação política lhe é proporcionada? Com isso, percebe-se que uma boa formação política é necessária em nossas escolas de Ensino Médio hoje.

Enmanuel Mounier nos dá uma visão bastante ampla, positiva e completa quando diz que: "Tudo é político ainda que o político não seja tudo".

Quando falamos da influencia do jovem na política, não significa apenas que ele seja um representante no governo, mas que possa ser capaz de participar e emitir opiniões na e para a política. Um jovem político é um jovem consciente dos seus direitos e deveres em relação à política na sociedade.

Quanto aos anciãos, não basta fazer leitura das ações do jovem na sociedade e transpor para uma política voltada para a juventude, mas cultivar a inserção do jovem na política, pela formação e pelo testemunho. Deste modo, é preciso restabelecer a aliança entre a ética e a política, uma vez que estas se encontram divorciadas, como diz Carlos Ayola Ramires, e pensar numa proposta de política "com" a juventude.

Pensar a ética (e a política) com um pensamento contemporâneo é a proposta do filósofo Hans Jonas, que corrobora uma nova forma de agir da humanidade, de modo que a responsabilidade e sustentabilidade sejam os princípios norteadores de uma nova sociedade. E o jovem deve ser protagonista na construção de um novo paradigma para uma sociedade mais igualitária e sustentável.

* Baiano, Militante nas CEB’s e na Irmandade do Servo Sofredor (ISSO) em Curitiba, acadêmico do 5 período de Licenciatura em Filosofia da PUC/PR


Adital.

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