Muitas iniciativas inovadoras fazem da Web 2.0 sinônimo de futuro. No entanto, grande parte dos sites se
perde entre a concepção e a popularização por falta de um objetivo útil. Dessa forma, por que não utilizar ferramentas dessa nova tecnologia para proporcionar um serviço como é o caso do registro de crimes? Em uma iniciativa pioneira, Vasco Furtado, professor da Universidade de Fortaleza, criou o site Wikicrimes.org para essa atividade.
O Wikicrimes permite acessar e registrar ocorrências criminais em um determinado local representada por um mapa, como no aplicativo online Google Maps. Zonas perigosas são identificadas, alertando usuários e órgãos públicos para planejamento de suas ações. As informações podem ser postadas do mundo todo e trazem transparência às informações criminais. Há ainda a classificação de acordo com o tipo de ocorrência, filtrando a pesquisa.
É necessário um rápido cadastro para se registrar um caso,
mas isso
auxilia na prevenção de spamers. "Indiscriminadament e, pode ser um espaço para falsas notificações. Esse compromisso entre facilidade de participação e credibilidade é nosso desafio constante", garante. Ainda é possível postar fotos, vídeos, linkar qualquer matéria jornalística ou mesmo informar o número do boletim de ocorrência policial para comprovar a denúncia.
A página obteve mais de 45 mil visitas nos primeiros quatro meses, com mais de 2 mil cadastros. "Temos visitantes de toda a parte do mundo, com os brasileiros em maior número, seguidos pelos espanhóis e portugueses. Fortaleza e Rio de janeiro são as acidades mais participativas, mas o Rio é a cidade que mais acessa", explica o professor.
Pelo alcance mundial, o Wikicrimes foi até citado como exemplo de iniciativa útil na última Web 2.0 Expo San Francisco, em abril. Por isso também, Furtado planeja ir à Florença, na Itália, para discutir sobre a
possibilidade de uma versão do site para a Europa em francês, espanhol e italiano, além da já existente em inglês e português. Está nos planos também uma expansão para crimes como tráfico de drogas.
Toda a idéia veio quando ele fazia pós-doutorado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. "Percebi o quanto os conceitos da Web 2.0 têm sido debatidos e estudados e, quando uma pessoa é assaltada ou sabe de um crime, ela avisa amigos e parentes para não tomar aquela estrada ou não estacionar naquela rua", explica, referindo-se à interação presente na tecnologia. Como já trabalhava com pesquisas em Tecnologia da Informação para Segurança Pública há mais de dez anos, o conceito foi apenas uma questão de tempo.
Furtado encara a Web 2.0 como "mais que uma inovação tecnológica, uma nova forma de viver em sociedade". De acordo com o acadêmico, é uma espécie de "cultura do compartilhamento" de
informação, cuja utilidade é justamente dividir conhecimento. "É por isso que fiquei tão contente
quando o WikiCrimes passou a figurar como um conceito na Wikipedia. Esperamos que seja um sucesso pelo menos próximo a ela", reflete.
http://pcmag. uol.com.br/ conteudo. php?id=207
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