Ferramenta ainda é pouco utilizada por empresas de recrutamento.
Especialistas dão dicas de como se comportar diante da câmera.
A facilidade proporcionada pelo avanço da tecnologia aliada à concorrência cada vez mais acirrada no mercado de trabalho criou uma nova forma para os candidatos “venderem seu peixe” para conseguir uma vaga: o videocurrículo.
A ferramenta ainda é pouco utilizada por empresas de recrutamento no país, mas especialistas da área de recursos humanos prevêem que o recurso poderá se tornar tão comum quanto o currículo de papel e o cadastro de dados online. Por enquanto, os candidatos se arriscam a colocar seus vídeos em sites como YouTube.
Para Teresinha Covas Lisboa, especialista em recursos humanos e professora do curso de administração da Universidade Ibirapuera, o videocurrículo é uma ferramenta que agiliza o recrutamento, pulando etapas da seleção.
Segundo ela, por meio da ferramenta já é possível ver a aparência, como a pessoa se expressa, como é sua história de vida e a forma como ela olha para a câmera.
A especialista diz que nos EUA o recrutamento por meio da ferramenta já é comum. No entanto, ela considera que no Brasil o recurso ainda é muito pouco utilizado pelas empresas.
Roteiro
Teresinha recomenda que o candidato escreva um roteiro preestabelecido do que irá dizer no vídeo. Em primeiro lugar, deve falar seus dados pessoais, como nome e idade, curso de formação, e depois as experiências, começando pela mais recente para a mais antiga, e por fim suas habilidades e competências, além de complementos como outros cursos realizados dentro da área pretendida, de idiomas, participação em congressos, seminários ou simpósios.
A professora recomenda ao candidato ser sempre o mais objetivo possível em suas exposições, destacando os últimos empregos e as especializações que adquiriu ao longo de sua formação, sempre considerando o cargo para o qual pretende concorrer.
“O candidato deve ser bem sucinto, não dizer coisas que não interessam ao cargo nem usar frases com adjetivos, como sou bom, sou excelente, e precisa demonstrar segurança ao falar sobre as experiências anteriores”. Segundo ela, deve-se evitar o uso de gírias e gerundismos, e o candidato não pode cometer erros de português.
Teresinha ressalta que o candidato deve ser filmado por alguém que o deixe à vontade, em ambiente neutro, com tons claros, e falar como se estivesse na frente do entrevistador.
Aparência
A roupa, de acordo com ela, deve ser formal. O uso do branco deve ser evitado. No caso das mulheres, deve-se usar uma maquiagem discreta e evitar o uso de batom vermelho e roupas decotadas.
Homens devem dar preferência para uso de blazer ou terno e evitar gel no cabelo. O candidato pode falar sentado ou em pé, mas sempre mostrando o corpo da cintura para cima e falar em um tom de voz normal, nem alto nem baixo demais, sem gesticular. Ela lembra que o candidato não deve falar em salário no vídeo.
Quem é tímido precisa treinar antes. Da mesma forma, quem está desempregado há muito tempo não pode demonstrar nervosismo nem ansiedade. “A expectativa pode atrapalhar o desempenho”, afirma.
Ela considera a ferramenta um ótimo recurso de seleção. “O recrutador analisa o olhar, a expressão, a linguagem verbal e do corpo. Por isso, é preciso ter uma boa apresentação, ser natural”. Ela recomenda que o vídeo tenha no máximo cinco minutos de duração.
Edição
Emerson Jordão, gerente de uma empresa fabricante de softwares de edição de vídeo e que atende candidatos interessados em fazer videocurrículo, diz que a produção do material deve ser baseada em um roteiro prévio, seguindo a divisão de um currículo tradicional: apresentação, objetivos, formação acadêmica e histórico profissional.
“Durante a filmagem, o candidato precisa estar bastante atento à postura e à forma como se apresenta, já que o empregador terá a chance de analisar já em um primeiro contato características que provavelmente só seriam percebidas no segundo momento”.
Ele explica que o candidato pode gravar com uma filmadora digital ou uma câmera fotográfica digital que tem o recurso de filmagem. Segundo ele, se o candidato optar por colocar uma placa de captura que faz edição de vídeo no computador, ele pode colocar legendas, música baixa ao fundo e ajustar a imagem, por exemplo.
No caso das legendas, ele diz que é possível colocá-las durante a apresentação dos dados pessoais o nome e a idade, e no final, contatos como telefone e e-mail.
“Candidatos a vagas de publicidade, por exemplo, costumam colocar imagens dos trabalhos já realizados no vídeo”, diz. O arquivo do vídeo fica gravado no computador e tem cerca de cinco megabytes de tamanho.
Marisa Torres, gerente de conteúdo do Canal RH, site de relacionamento voltado para o setor de recursos humanos, que atende selecionadores e candidatos e que traz a opção de o candidato cadastrar seu videocurrículo, acha que a nova ferramenta chama muito mais a atenção que o tradicional curriculum vitae no papel.
Rapidez
“O candidato mostra seus atributos, habilidades, características de personalidade. Isso proporciona rapidez para processos seletivos que envolvem muitas vagas”, diz. Segundo ela, os vídeos podem ser feitos até mesmo no celular. E recomenda que o candidato não coloque outras pessoas para dar depoimento.
A Curriculum tirou este ano do seu site o recurso do videocurrículo, após trabalhar quatro anos com a ferramenta. O presidente da empresa, Marcelo Abrileri, diz que as empresas ainda preferem o currículo em papel ou online. Mas ele não descarta que a empresa de recrutamento volte a disponibilizar o recurso.
Ele recomenda que a apresentação dos dados pessoais tenha no máximo 15 segundos. Em seguida, deve-se falar sobre a formação e experiências profissionais. Depois vêm os complementos, como viagens, atividades complementares, prêmios recebidos e outras habilidades.
Criatividade
Abrileri afirma que muitos candidatos têm optado por inovar nos vídeos, colocando fotos de lugares por onde viajou, trabalhos que realizou na área, ou até mesmo fazendo o currículo em formato de entrevista, com alguém fazendo perguntas ou deixando subentendido que perguntas estão sendo respondidas. “São novos formatos, feitos com criatividade”, diz.
Para ele, o videocurrículo ainda terá mais adesão, mas o currículo de papel continuará existindo. “É possível colocar no currículo de papel o link do vídeo que foi colocado na rede para o selecionador assistir. É uma coexistência”, resume.
G1.
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