O governo federal vai realizar, neste ano, em todo o
país, uma "pesquisa de vitimização", com o objetivo de
mensurar, por meio de amostragens, a taxa nacional de
crimes não registrados.
De acordo com a Secretaria Nacional de Segurança
Pública, ligada ao Ministério da Justiça, apenas cerca
de 20% dos crimes ocorridos são de fato registrados.
Os demais entram no rol do fenômeno conhecido como
sub-registro.
Os crimes de furtos e os crimes sexuais são os que
possuem as mais baixas taxas de registro, estima o
governo. Apenas 8% dos casos de estupro, por exemplo,
estariam registrados nas delegacias de polícia.
O índice de registros cresce em casos de crimes
violentos e naqueles em que as vítimas necessitam do
boletim de ocorrência, como roubos de carros, para
acionar a seguradora e a busca policial.
Serão 160 questões, que abrangem agressões, ofensas
sexuais, crimes raciais e até casos de corrupção. Os
homicídios não entram, o governo entende que tais
estatísticas são eficientes.
Entre os objetivos está o de identificar quais são os
entraves, medos e burocracias que afastam a população
das delegacias. Outra meta, com os resultados em mãos,
é propor políticas focadas nos nos resultados da
pesquisa.
O governo vai lançar uma chamada pública internacional
para a contratação do órgão que fará a pesquisa. O
trabalho em campo deve começar no segundo semestre. A
metodologia está sendo preparada com auxílio de
técnicos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) .
"A pessoa [entrevistada] tem que estar sozinha, num
lugar adequado, sem a presença de pessoas que possam
constrangê-la" , disse o consultor da ONU Tulio Kahn,
que trabalha na adaptação da metodologia da pesquisa.
Fonte: Folha de S. Paulo
Autor: Eduardo Scolese
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