quarta-feira, 26 de março de 2008

Denúncias de pedofilia na web dobram

Estudo de ONG indica que aumento está relacionado ao crescimento do acesso à internet.

São Paulo – O número de páginas denunciadas por divulgação de pedofilia e exploração sexual de crianças dobrou entre 2006 e 2007 no Brasil, segundo a organização não-governamental (ONG) SaferNet, que cuida da Central Nacional de Denúncias por Crimes Cibernéticos. O estudo vai ajudar nos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, que começou a funcionar ontem no Senado Federal. A pesquisa foi divulgada ontem pela Agência Brasil.

De acordo com o presidente da SaferNet, Tiago Tavares, apenas no ano passado, foram feitas 267.470 denúncias a respeito de 38.760 páginas com esse tipo de conteúdo. Em 2006, houve 121.635 denúncias, sobre 17.148 páginas. Tavares afirma que o aumento de 126% nas denúncias está relacionado ao crescimento do número de usuários de internet, que sobe em média 20% ao ano no Brasil.

Orkut

O crescimento das redes de relacionamento também pode justificar o aumento das denúncias. Segundo Tavares, 90% das páginas denunciadas ao SaferNet estão relacionadas ao Orkut, site de relacionamentos com perfis e comunidades virtuais. O fato de essa e outras páginas estarem hospedadas em servidores fora do Brasil costuma trazer o mito de que brasileiros não se interessam por esse tipo de conteúdo, mas o presidente da SaferNet adverte que a prática de pedofilia na rede é um crime muito praticado no país, bem mais do que se imagina.

Como a ONG trabalha em cooperação com o Ministério Público Federal (MPF), as denúncias relativas a São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná são encaminhadas para o MPF. Nos outros estados, são entregues ao Departamento de Direitos Humanos da Polícia Federal. Apenas em São Paulo, existem mais de 400 investigações sendo conduzidas, baseadas nas denúncias da SaferNet. Para tentar barrar o avanço da pedofilia, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que encerrou seus trabalhos em 2004, propôs um projeto para alterar a lei que pune a divulgação desse tipo de abuso na internet. Atualmente, é considerado crime apenas produzir e passar as imagens adiante, na forma de divulgação, venda ou apresentação. A idéia é que tanto a fiscalização quanto a punição se tornem mais rígidas.

Fonte: Gazeta do Povo Online, 26 março 2008.

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