Mutilação Genital Feminina
A mutilação genital feminina (MGF) é uma realidade mundial que tem respaldo cultural e a aquiescência social há milênios em países africanos, árabes e asiáticos, e, devido aos movimentos migratórios, vem se espalhando pela Europa e América.
. O “ritual de purificação”, geralmente de passagem da infância para a adolescência, consiste na extração parcial ou total do clitóris, órgão da sexualidade feminina, podendo também ser acompanhado da retirada dos lábios pequenos e/ou grandes da vagina.
Culturalmente acredita-se que esta prática preserva a virgindade, garante um bom casamento, desencoraja a promiscuidade sexual, dificulta a traição de seus maridos, facilita a higiene pessoal, melhora a saúde e a fertilidade, fortalece a união da tribo e melhora a estética da genitália feminina. Também é cercada de alguns mitos no caso de não ser praticada: o marido morre, a parteira fica cega, o filho nasce deficiente, a criança morre se tocar o clitóris da mãe e o clitóris cresce descontroladamente.
Muitas vezes esta prática se da com uso da força, e causa problemas urinários, hemorragias, infecções, tétano e traumas psicológicos e sociais, além da eliminação do prazer sexual. Em alguns países, costura-se a ferida dos lábios vaginais de maneira a deixar apenas uma pequena abertura que chega até a dificultar a passagem da urina e do fluxo menstrual. Não raramente provoca a morte uma vez que os circuncidadores não se utilizam de anestesia. Pelo contrário, para acabar com o sangramento provocado pelo uso de instrumentos cortantes e sem esterilização como lâminas, facas, tesouras e até pedaços de metal e cacos de vidro, em alguns países africanos, colocam-se cinzas ou fezes de animais no ferimento e, assim, aumenta a incidência de infecções graves e outras doenças.
Este costume se originou na África Central na Idade da Pedra, seguindo para o norte do continente africano. No Ocidente, a mutilação genital feminina era utilizada como processo terapêutico até os anos 50. Médicos britânicos e norte-americanos praticavam a retirada do clitóris e a retirada dos ovários para enfrentar a melancolia e a ninfomania. Até o século XIX, acreditava-se que as mesmas práticas curavam a histeria, a masturbação, o lesbianismo e a epilepsia.
Cerca de 6.000 mulheres são vítimas da mutilação genital todos os dias, ou, dois milhões por ano. A OMC calcula que entre 100 e 140 milhões de mulheres em todo o mundo sejam circuncidadas, destas a maioria vivem em 28 países da África, bem como na Ásia e no Oriente Médio. Segundo a UNICEF pelo menos 90% das mulheres são circuncidadas em países subdesenvolvidos como Etiópia, Sudão, Djibuti, Somália e Serra Leoa. Por outro lado, quase não se pratica a circuncisão feminina no Iraque, no Irã e na Arábia Saudita. Aproximadamente 15% das mulheres submetidas a esta prática morrem durante o ato.
As campanhas internacionais e as medidas que estão sendo tomadas têm produzido bons resultados. Ao menos oitos países da África já aprovaram uma declaração contra esta prática. Isto é um reflexo de que a mobilização vem obtendo avanços e gerando concientização.
A educação e o diálogo talvez seja a única maneira de realmente combater os conceitos errados e a superstição. Está prática tem que acabar.
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