Segundo Sindicato das Classes Policiais Civis do PR, após um motim que destruiu as celas da Delegacia de Vigilância e Captura, seis detentos tiveram que passar quase seis dias presos no veículo
Seis detentos da Delegacia de Vigilância e Captura (DVC) de Curitiba tiveram de ficar detidos em um caminhão de transferência da Polícia Civil por falta de vagas em outras delegacias e penitenciárias da capital e região metropolitana. Segundo o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), que fez a denúncia, os presos foram levados para o caminhão na última quinta-feira (3) e só foram transferidos na manhã desta terça (8). A Polícia Civil reconhece as prisões no veículo, mas contesta o período de permanência e diz que os presos foram levados para o caminhão no sábado e retirados de lá nesta segunda-feira (7).
Conforme o sindicato, os seis homens foram colocados no caminhão depois de um motim que destruiu a carceragem da DVC, que, de acordo com a polícia, tem capacidade para três pessoas. Na versão do Sinclapol, após serem retirados do distrito, os acusados chegaram a ser levados até o Centro de Triagem 1 (CT1), na região central de Curitiba, mas não puderam ficar ali porque havia apenas mulheres detidas no local.
Com a inexistência de vagas nas demais delegacias da capital e no sistema prisional do estado, os homens foram colocados no caminhão de transferência, que ficou estacionado no próprio pátio do CT1. “Eles não saíam direto para ir ao banheiro, porque não tinha como. Para fazer xixi eles tinham que usar uma garrafa pet de refrigerante”, relatou o presidente do Sinclapol, André Luiz Gutierrez.
A Polícia Civil confirmou que, sem ter para onde levar os presos após a destruição da carceragem, teve que colocá-los no caminhão. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, os detentos chegaram a ficar um dia no CT1, mas como havia mulheres na unidade, a Justiça mandou que eles fossem retirados dali.
Por causa da falta de vagas em demais unidades, os presos passaram o fim de semana no veículo porque esta foi “a única solução que havia”. Mesmo no caminhão, a polícia disse que todos os presos tinham como sair para ir ao banheiro, tomar banho e, inclusive, tomar banho de sol.
A Polícia Civil não soube informar para onde os presos foram transferidos. A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) confirmou a transferência, mas não soube precisar a data em que os detentos foram encaminhados, nem para qual unidade foram levados. Conforme a Seju, no primeiro trimestre do ano foram 1.262 mil transferências de detentos das delegacias do estado - que sofrem problemas crônicos de superlotação - para centros penitenciários paranaenses.
Fonte: Gazeta do Povo. 08.04.2014.
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