E se o feiticeiro receber uma remuneração econômica, a sanção pode ser aumentada em 1/3. No entanto, a denominada magia branca seguirá sendo lícita no Código Penal elaborado pelo Ministério da Justiça e que o governo já apresentou ao Parlamento para sua aprovação.
Embora um grande número de indonésios acredite na magia negra, muitos cidadãos incrédulos temem que a penalização sirva como combustível para aqueles que reivindicam os poderes das trevas. Bayyinah Utami, uma jovem publicitária de Jacarta, afirmou que incluir um termo "tão abstrato" como a magia negra no Código Penal é "perigoso".
"Primeiro devem definir o que é entendido por magia negra, como provar seu uso com provas verossímeis", disse Utami. A extensa crença em magia negra transcende as diferenças religiosas na Indonésia, onde cerca de 85% da população professa o islã.
"O ilmu hitam só funciona se você acreditar no seu poder", explicou Adi, um dançarino de Bali estabelecido em Yogyakarta e habitual consumidor de poções. No citado mercado de Yogyakarta é possível adquirir amuletos de influência hinduísta, árabe ou javanesa como os "susuk", pequenas peças de metal que são inseridas sob a pele para proteger dos maus espíritos e doenças.
O novo Código Penal, seguindo a mentalidade conservadora da revisão realizada pelo Ministério da Justiça, segundo alguns especialistas, também castiga a convivência fora da instituição do casamento com até um ano de prisão. Até o momento, esta prática era mal vista pela maioria da sociedade indonésia, mas não infringia nenhuma lei. O adultério também será punido de acordo com o novo regulamento com até cinco anos de prisão, uma pena muito mais dura do que os nove meses atuais.
"O adultério é o início de muitos problemas sociais. As penas devem dissuadir os infratores e nove meses não são suficientes", declarou à imprensa local Khatibu Wiranu, deputado do governante Partido Democrático.
A revisão do código gerou uma forte polêmica na sociedade civil e várias associações indonésias disseram que a proposta é medieval e fora de lugar. O diretor do Instituto de Ajuda Legal de Jacarta, Febionista, assegurou que a reforma contradiz o compromisso do governo com os direitos humanos e é um sinal do aumento da influência do islã na política do país asiático. O atual Código Penal da Indonésia sucede o redigido em 1918 e que foi objeto de leves reformas em 1958.
As informações são da EFE
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