Ninguém gosta de um prepotente, com exceção, hoje em dia, da indústria de livros. As editoras estão enchendo o mercado de títulos que abordam o bullying. Os livros se destinam a todas as faixas etárias --como "Bully", um livro de imagens para crianças, "The Bully Book", para adolescentes, sobre um menino comum que, de repente, se torna a vítima preferida de todo mundo, ou "Sticks and Stones", de Emily Bazelon, um lançamento para adultos que inclui histórias e análises.
Segundo o WorldCat, catálogo de acervos de bibliotecas do mundo todo, os livros em inglês rotulados com a palavra-chave "bullying" em 2012 eram 1.891, um aumento de 500 títulos em uma década.
Há outros chegando, disse Elizabeth Bird, que acompanha as tendências de coleções jovens na Biblioteca Pública de Nova York. "O bullying sempre foi um tema popular, mas neste ano estamos vendo aparecer títulos sobre esse assunto como nunca antes."
A preocupação do mundo editorial com os prepotentes não para na estante. Várias editoras, como Random House, Simon & Schuster e Harlequin, começaram campanhas antibullying a partir de seus livros.
Os autores também estão agindo. Duas escritoras para jovens adultos, Megan Kelley Hall e Carrie Jones, reuniram uma antologia de ensaios pessoais, chamada "Dear Bully: 70 Authors Tell Their Stories" [Querido bully: 70 autores contam suas histórias]. Uma parte dos lucros irá para instituições beneficentes.
Hall e Jones também criaram uma página no Facebook chamada "Young Adult Authors Against Bullying" [Jovens autores contra o bullying], que identifica páginas cruéis no Facebook e pressiona para que elas sejam removidas.
O surto de livros antibullying reflete um alarme cultural mais amplo sobre o problema, instigado em parte por vários casos de grande repercussão e por bullyings cibernéticos que resultaram em suicídios nos Estados Unidos.
A Casa Branca realizou sua primeira conferência sobre prevenção ao bullying em 2011. Em resposta a sugestões do governo, bibliotecas, escolas e livrarias como a Barnes & Noble, a maior rede de varejo de livros dos EUA, têm realizado eventos para falar sobre o problema e oferecer ajuda aos pais e às crianças. Esses recursos muitas vezes vêm na forma de livros e palestras dos autores.
Para as editoras e os autores têm sido difícil não notar a sinergia resultante: eles podem promover uma causa enquanto divulgam seus produtos. Hall, que colaborou na antologia "Dear Bully" depois que Phoebe Prince, uma estudante colegial perseguida em South Hadley, em Massachusetts, cometeu suicídio em 2010, disse que ela teve de recusar autores que queriam ser incluídos na coletânea.
"Muitos autores dizem que foram livros que salvaram suas vidas nos anos difíceis da adolescência", disse Hall. "Eles sabem que sua base de fãs são pessoas como eles, que consideram a leitura um refúgio. Queremos chegar aos adolescentes para que eles saibam que as coisas vão melhorar."
LESLIE KAUFMAN
DO "NEW YORK TIMES"
DO "NEW YORK TIMES"
Folha de São Paulo. 22.04.2013.
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