O irmão de Isabella, Pietro, de 3 anos, pode ter assistido a violência que culminou com a morte da menina. No relatório de 40 páginas com as conclusões da morte de Isabella, a delegada Renata Pontes, do 9º Distrito Policial, afirma que a madrasta esganou a menina e o pai a arremessou da janela do sexto andar. Ela diz ainda que, "o mais provável é que sejam do irmão de 3 anos de Isabella, Pietro, os gritos de 'papai, papai, papai, pára, pára!', relatados por vizinhos do casal". A delegada diz ainda no documento que, das 50 perguntas feitas ao casal, apenas duas foram respondidas e, mesmo assim, evasivamente.
O inquérito chegou nesta quarta à Justiça, com pedido de prisão preventiva de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella. Os laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML), que colocaram o casal na cena do crime, foram a base técnica para os delegados indiciarem Alexandre e Anna Carolina por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e emprego de meio cruel. Os advogados de defesa do casal afirmaram que contratarão peritos para contestar os laudos da polícia.
Se a polícia estiver certa, Pietro é a única testemunha da morte da meia-irmã. A possibilidade do depoimento do garoto não foi descartada pelo promotor Francisco Cembranelli, desde que em condições especiais e com a presença de psicólogos e assistentes sociais. Essa prática é adotada desde 2003 no Rio Grande do Sul, no programa Depoimento sem Dano, para aburar abusos contra as crianças. Quem decide por ouvir ou não a criança é o juiz.
A defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá diz que não permitirá o depoimento de Pietro, de 3 anos, caso ele seja convocado pela Justiça.
- Seremos categoricamente contrários. Tomaremos todas as medidas judiciais necessárias - disse nesta quarta-feira o advogado Marco Polo Levorin, que anunciou a contratação de peritos particulares para contestar os laudos da perícia policial.
Para ele, o depoimento de Pietro seria um ato desumano.
- Ele acabou de perder a irmã - justificou.
Em entrevista ao Globo Online, a psicóloga Dalka Ferrari, coordenadora do Centro de Referência às Vítimas da Violência do Instituto Sedes Sapientiae, também se manifestou contra um possível depoimento do menino.
- Mesmo que ele seja ouvido em um ambiente controlado, cercado de especialistas, é muita responsabilidade para uma criança de 3 anos. Supondo que ele fale algo que incrimine os pais e eles acabem presos. Imagine uma criança ter de lidar com o fato de que acabou condenando os pais - explica Dalka
Denúncia e pedido de prisão preventiva estão sob análise
O promotor Francisco Cembranelli afirma que até terça-feira apresentará a denúncia contra o casal. Ele deverá também decidir se encaminha ou não à Justiça pedido sobre de prisão preventiva de Alexandre e Anna Carolina, solicitado pela polícia.
Faltam ainda ser anexados ao inquérito os laudos da reconstituição da morte de Isabella, que ocorreu no domingo, e do exame de DNA que apontará de quem é o sangue encontrado no chão do veículo Ka de Alexandre, atrás do encosto de cabeça do banco do motorista e no braço direito da cadeirinha de bebê, que estava no banco de trás.
No laudo anexado ao inquérito, os peritos afirmam que as manchas são vestígios hematóides (relativos a sangue), mas que, devido à pequena quantidade recolhida, não era possível dizer se eram ou não de Isabella. Se reagentes químicos fossem usados na constatação, o núcleo da célula seria destruído. A opção então, foi processar as amostras junto com o exame de DNA. Por ser um processo lento, o laudo ainda não ficou pronto.
O Globo Online
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