sábado, 11 de outubro de 2008

Juiz fotografa presos e condições de cadeias em Guarulhos

Corregedor registrou homens confeccionando cigarro de maconha.
Em unidade para mulheres, ele viu presas se revezando para dormir.

O juiz-corregedor Jayme Garcia dos Santos Jr fotografou dois presídios de Guarulhos, na Grande São Paulo. Depois de constatar flagrantes e registrar as condições das unidades prisionais, ele deu prazo de três meses para que a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) melhore as condições nos dois complexos.

No início de outubro, o juiz levou uma máquina fotográfica na visita a um Distrito Policial, transformado em unidade prisional para mulheres. E registrou o que viu.

A situação do 8º DP de Guarulhos é extremamente crítica e precária. “Estavam lá 30 presas divididas em três celas. A maior cela tinha aproximadamente 10 metros quadrados, e as outras duas cerca de sete metros quadrados”.

A maioria das mulheres foi flagrada tentando passar drogas para presos. Elas dormem em sistema de revezamento: umas deitadas, outras sentadas. E todo o espaço é aproveitado. “É urgente que as presas sejam removidas”, diz o juiz.

No início do mês, o juiz também tirou fotos no presídio Adriano Marrey,
que tem mais de dois mil homens, quase todos ligados à quadrilha que domina as prisões de São Paulo.

As fotografias mostram desrespeito e desleixo. Os presos atiram lixo pela janela e as fotos comprovam a sujeira que se acumula ao redor dos blocos

“Outro fato que me chamou muito a atenção também foi a grande quantidade de presos absolutamente desocupados. Durante a tarde toda, presos sem camisa, de chinelo, jogando bola no pátio. Eles deveriam estar trabalhando ou estudando”, afirma Jayme Garcia.

Droga

Mas o que mais chamou a atenção do juiz foi a ousadia dos presos no pátio. “Tudo indica que eles estavam confeccionando um cigarro de maconha. Viram tanto a mim quanto o diretor do presídio na muralha. Sem dúvida, sabiam que estavam sendo fotografados”, diz.

Para o juiz, foi um sinal da falta de força do Estado. “Eu não vejo como uma falta de respeito a mim, ao juiz-corregedor, e nem ao Poder Judiciário. Eu encaro como uma desmedida sensação de impunidade”.

A SAP informou que vai haver punição disciplinar para os presos que estariam usando drogas, mas não respondeu a razão de a maioria dos presos não trabalhar tampouco estudar. Quanto à superlotação na cadeia das mulheres, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que providenciou a transferência de dez presas.

G1.

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