terça-feira, 14 de outubro de 2008

Agentes notificam casos de violência contra mulher

Presentes nas residências, principalmente nos bairro periféricos onde fazem o acompanhamento das condições de saúde dos moradores, os agentes que atuam em Campo Grande começam a notificar os casos de violência contra a mulher e os dados serão tabulados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde). Dos 1.280 agentes comunitários de saúde, 900 já foram capacitados.

Todos os dias 50 casos de agressão são registrados na Deam (Delegacia Especializada de Proteção à Mulher). Após o fim de semana, nas segundas-feiras os números ainda são maiores, 70 casos em média, de acordo com a coordenadora municipal de Políticas Públicas, Tai Loschi.

Após capacitação, a agente de saúde da Vila Margarida, Graciele da Silva Penedo, de 32 anos, diz estar pronta para atuar como apoiadores tanto para as vítimas como aos agressores. Nesta manhã, no teatro de Arena do Horto Florestal, 520 agentes comunitários de saúde receberam diplomas pela capacitação.

“Além de conseguir identificar as vítimas de violência,vamos encaminhá-las para a rede de proteção. Vamos amparar e encaminhar também os homens para o tratamento”, diz Graciele Penedo.

Segundo ela, a timidez, a vergonha de olhar nos olhos e o fato de viver confinada dentro da própria casa são algumas das características das vítimas. “Há muitas mulheres que nem sabem que sofrem violência psicológica. A violência é muitas vezes também sexual. Aprendi que agora podemos também encaminhar as vítimas”, explica Esmeralda Martins, de 44 anos, agente comunitária do Bairro Santa Emília.

A rede

Hoje, há em Campo Grade o CAPS (Centro de Apoio Psico-social) Pós-trauma, que fica na Rua Sebastião Lima, no Bairro Monte Líbano, perto da Avenida Eduardo Elias Zahran, e todas as nove unidades de saúde 24 horas contam com funcionários capacitados para o atendimento à mulher vítima de violência. Para o secretário municipal de Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o programa deverá ser ampliado tão logo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) defina em parceria com a prefeitura novas formas de amparo às vítimas.

De acordo com Mandetta, hoje o IML (Instituto Médico Legal) tem sido o local onde as vítimas são submetidas aos exames após a agressão. Com uma parceria entre prefeitura e Estado, a intenção é proteger a vítima para que ela faça o exame em local seguro e não passe pelo constrangimento de ser encaminhada ao IML.

O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB) participou da entrega de certificados às agentes comunitárias de saúde nesta manhã no Horto Florestal.

O projeto de capacitar os agentes começou há 3 anos como proposta da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, que esteve na Capital. Desde então, um programa específico está em formação em Campo Grande.

Realidade

Em janeiro, o Midiamax noticiou que a cada três horas, duas mulheres dão queixa nas delegacias de todo o Estado por agressão. Em todos os casos a violência, de acordo com os dados, envolvia o marido como agressor. Ficou evidente que o problema se agrava nos fins de semana, em que a família está reunida e aumenta o consumo de bebidas alcoólicas. Em um caso, o pai, após agredir a mãe, fugiu com a filha de um ano e um mês pelo matagal. Em outro, uma gestante de quatro meses levou chutes na barriga.

Os dados não são oficiais, foram levantados pelo Midiamax no período das 18h13 de domingo (13) até às 6h30 de segunda-feira (14), com base nos registros feitos pelas vítimas nas delegacias da Capital, Ponta Porã, Corumbá e Coxim. Em todo o Brasil, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Perseu Abramo, a cada 15 segundos uma mulher é agredida, tendo como principal agressor o próprio marido, companheiro ou membro da família.

Em 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha, que dispensa a autorização da vítima para investigar e acusar o agressor. Maria da Penha Maia Fernandes é uma biofarmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor fosse condenado. Hoje, ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica.

Midiamaxnew.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog