segunda-feira, 1 de abril de 2013

“Fala, Professor!” Memórias Episódicas para Lembrar Conceitos nas Provas


O uso e mobilização da memória, enquanto função cognitiva, trata-se de tema estratégico e de grande importância no processo de preparação para concursos públicos. Não por acaso existem vários textos publicados aqui no Blog que tratam do presente assunto, com diversas abordagens.
Inclusive as memórias episódicas já foram abordadas em outro texto específico. Mas o objetivo agora é trabalhar com as memórias episódicas em outro sentido, apresentando uma nova modalidade de aplicação útil deste conceito.
Primeiramente, cabe esclarecer que, quanto ao objeto memorizado, as memórias semânticas, que são aquelas que não contam com natureza psicomotora, se dividem em conceituais, as quais correspondem aos conceitos e informações que aprendemos, bem como episódicas. Estas, por sua vez, consistem naquelas que contam com um caráter factual, ou seja, uma experiência real e vivenciada (IZQUIERDO, Ivan. “Memória”. Porto Alegre: Artmed, 2002, págs. 16/17).
Geralmente, no processo de preparação para concursos, somente trabalhamos e pensamos na formação de memórias conceituais. Mas as memórias episódicas também podem ser bastante úteis e trabalhadas de forma estratégica, principalmente no processo de evocação, isto é, de recordação da informação que precisamos resgatar, inclusive nas provas.
Como assim?
Por vezes pode ser que o resgate da informação ou conceito seja viabilizado exatamente a partir da experiência real vivenciada no contato que tivemos com este conceito, ou mesmo envolvendo uma situação real na qual este conceito foi aplicado.
Vou dar um exemplo banal, mas que reflete a ideia e facilita a sua compreensão.
Havia uma palavra em inglês quanto a qual eu tinha certa dificuldade em memorizar. Naturalmente que as causas desta “dificuldade” – sendo que tenho dúvidas se esta é a palavra certa, por si só, daria um longo estudo e reflexão. Faço tal afirmação pois, por vezes, a causa da não viabilização da memorização e capacidade de evocar uma informação decorre do processo de contato ou estudo que foi realizado.
Mas o fato é que aquela palavra, apesar dos vários contatos que eu tinha tido, não conseguia lembrar. Um dia, numa determinada ocasião específica, estava lendo um livro em inglês, com a minha esposa ao lado. E apareceu a tal palavra (na verdade era um verbo). Naquele momento, me lembro até de uma terceira pessoa que se aproximava para nos abordar, a qual saiu logo em seguida. Daí, como não me lembrava da palavra, indaguei minha esposa se ela sabia, a qual sabia e me esclareceu.
A partir daquele momento, sempre que vou evocar aquela palavra, a mencionada experiência episódica me vem à mente, antes mesmo da tomada de consciência da evocação do significado da palavra, a qual vem logo em seguida.
Mas o que ocorreu naquela experiência e o que ocorre quando me lembro a palavra da mencionada maneira?
Resposta: eu resgato uma memória conceitual a partir de uma memória episódica!
O Prof Antonio Damásio, neurocientista e neurologista, uma das maiores autoridades da neurociência na atualidade, coloca em um dos seus livros um relato sobre uma situação na qual estava em casa e, de repente, lembrou de um antigo amigo, bem como de experiências vivenciadas com este amigo. Daí começou a estudar e analisar a causa daquela evocação espontânea. Após longas investigações, levantamento de hipóteses e estudos, ele constatou que havia feito um movimento ao andar semelhante à forma como o seu amigo andava. (“E o cérebro criou o homem”. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 168).
Ou seja, uma memória psicomotora, inclusive de forma inconsciente, levou à evocação de uma memória episódica.
Tudo bem, mas como a ideia apresentada pode ajudar nos concursos públicos?
De várias formas e, desde já, comece a pensar nisto! Aliás, a minha proposta é apresentar conceitos e provocar reflexões estratégicas e atitudes pragmáticas e utilitáriasNão é a intenção vender verdades absolutas e fórmulas mágicas fechadas, ao contrário do que há por aí, por parte dos especialistas (sem especialização) em preparação para concursos.
Mas uma sugestão importante é que, por exemplo, ao estar fazendo uma prova e precisar evocar um conceito que não consegue lembrar, tente lembrar da experiência ou situação na qual teve contato com este conceito. Como no caso da experiência acima narrada.
Por outro lado, ao tomar contato com conceitos, ou seja, ao estudar individualmente ou assistir uma aula, tenha atenção às circunstâncias, pois a evocação destas circunstancias (memória episódica) pode ajudar na evocação do conceito ou informação exigidos no momento da prova (memória conceitual).
Portanto, tende usar as memórias episódicas como uma aliada!
IOB Concursos.

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