Entre 1 milhão e 1,5 milhão de pessoas participaram, neste sábado (17/10), em Madri, de uma manifestação contra a proposta do governo socialista de liberalização do aborto. A informação é da Folha Online.
Sob o slogan "Toda Vida Importa", a marcha foi convocada por vários grupos espanhóis para contestar a proposta do governo de José Luis Rodríguez Zapatero de permitir o aborto até a 14ª semana de gestação.
"Convidamos todos os 48 milhões de espanhóis, independentemente do partido político a que pertençam, quer usem batina ou pratiquem sua religião em uma sinagoga ou uma mesquita", disse Benigno Blanco, presidente da coalizão católica Fórum da Família.
O governo espanhol defende que a atual lei espanhola, de 1985, que permite o aborto apenas em casos de estupro (até 12 semanas de gravidez), má-formação do feto (22 semanas), ou perigo para a saúde física ou psíquica da mãe (sem limitação de tempo) injustamente estigmatiza as mulheres que desejam abortar e seus médicos como criminosos.
Um dos elementos mais potencialmente polêmicos do projeto entre o eleitorado tradicionalmente católico da Espanha é a proposta de permitir que adolescentes de 16 anos interrompam a gravidez sem o consentimento dos pais, ponto a que mesmo eleitores socialistas se opuseram.
O governo espera que o Parlamento vote este ano a lei e afirma que a mudança daria às mulheres plenos direitos sobre suas escolhas reprodutivas. Os grupos católicos comparam o aborto ao assassinato, porque defendem, segundo a doutrina da Igreja, que a vida se inicia na concepção.
Apesar de o conservador Partido Popular, que é contra o projeto para liberar o aborto, não ter enviado um representante oficial para a demonstração deste sábado, participaram da marcha o ex-primeiro-ministro José Maria Aznar planeja a secretário-geral do partido, María Dolores de Cospedal, além de mais de cinquenta membros e senadores desse, que é o principal partido de oposição.
O projeto corre o risco de reunir a oposição ao governo de minoria espanhol, cuja gestão tem sido criticada devido à persistente crise econômica da Espanha.
Uma pesquisa divulgada pelo principal jornal espanhol, "El País", em 3 de outubro, após aprovação pelo gabinete de um orçamento para 2010 que eleva impostos em 11 bilhões de euros, mostrou que 61% por cento dos entrevistados desaprovaram a forma como Zapatero trata da economia em crise.
Revista Consultor Jurídico, 17 de outubro de 2009
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