O Corpo de Bombeiros Voluntários de Penha, em Santa Catarina, promete realizar uma megaoperação durante o feriado do Dia do Trabalho (1º) em busca do padre Adelir de Carli. A equipe deve ser triplicada, passando de 15 para 45 bombeiros. Além de equipes em terra, serão usados lanchas, jet-skis e um helicóptero para intensificar as buscas. O padre desapareceu há dez dias, depois de cair no mar quando realizava um vôo com balões de gás coloridos. Eles começou a aventura em Paranaguá, no Litoral do Paraná.
De acordo com o coordenador dos bombeiros voluntários Johnny Coelho, as equipes no mar devem percorrer cerca de 130 quilômetros, desde o Balneário Barra do Sul até Porto Belo. Nesta quarta-feira (30), as buscas se concentraram em terra, em áreas de morros e costões. A região possui muitas cavernas, para onde o padre poderia ter sido levado pelo mar.
A maior preocupação dos bombeiros agora é a queda da temperatura registrada nas últimas 24 horas. De acordo com Coelho, nesta quarta foi registrada mínima de 16°C em terra e a água do mar chegou a 9°C. “O frio vai atrapalhar o trabalho, porque vamos ter que usar roupas mais pesadas. Além disso, a sobrevivência no mar a esta temperatura fica mais difícil”, afirma.
Na terça-feira (29), o exército encerrou a participação nas buscas. Quinze soldados do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville, Santa Catarina, vasculharam as matas da região desde a manhã de segunda-feira (28) e não encontraram nenhuma pista. Os bombeiros voluntários prometem seguir com as buscas pelo menos até domingo (4).
Orações
Os fiéis da Paróquia São Cristóvão, em Paranaguá, litoral do Paraná, rezam 24 horas pela localização do padre Adelir. Eles seguem em vigília desde o desaparecimento do religioso. O bispo Dom João Alves dos Santos, da Diocese de Paranaguá, assumiu interinamente a paróquia que era comandada por Carli. "Todos os padres das 16 paróquias de Paranaguá estão se revezando para celebrar as missas diárias. A igreja não fecha e não vai fechar até a conclusão das buscas" afirmou.
Santos disse que ainda não pensou na possibilidade de substituir o padre Carli no comando da paróquia. "Oramos para encontrá-lo. Seja para ele retornar ao trabalho na igreja ou para um possível sepultamento. De qualquer forma, ainda temos fé de que ele esteja com vida", afirmou o bispo de Paranaguá.
Desaparecimento
O padre Adelir de Carli desapareceu no domingo (20), durante um vôo com balões de gás coloridos. Ele decolou de Paranaguá, no Paraná, com o objetivo de seguir para o Mato Grosso do Sul. O vento forte acabou levando o religioso para o litoral de Santa Catarina. O último contato do padre foi feito às 21h.
A Marinha e a Aeronáutica participaram das buscas na semana passada, mas já encerraram seus trabalhos. A família de Carli chegou a alugar um avião para reforçar as buscas. Padre Adelir pretendia bater um recorde, ficando 20 horas no ar e, com isso, divulgar a Pastoral Rodoviária.
Morte presumida
De acordo com a professora de direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Sheila Cercal Santos Leal, o código civil brasileiro não define um prazo para que seja declarada a morte presumida de uma pessoa. De acordo com o artigo 7º do capítulo primeiro do código, pode ser declarada morta se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
O atestado de óbito somente poderá ser requerido depois de esgotadas as buscas. A professora explica que deverá partir da família do desaparecido o interesse de abrir o processo. O juiz vai analisar laudos do Corpo de Bombeiros e relatos de testemunhas que atestem que a pessoa se envolveu em uma situação de risco. A sentença judicial vai fixar a data provável do falecimento do desaparecido.
A declaração de morte presumida é comum quando o desaparecido possui patrimônio e os herdeiros buscam a divisão destes bens. "A declaração fica condicionada ao reapacerimento da pessoa. Se ela voltar, ela reassume sua vida de onde parou", explicou Sheila.
Gazeta do Povo.
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