Todo cidadão tem direito a um advogado de defesa — a não ser que nenhum advogado queira defendê-lo. Esse parece ser o caso do canadense Guido Amsel, 49, que é acusado de enviar pacotes-bombas a dois escritórios de advocacia, de acordo com a CBC News, a Global News e outras publicações.
Amsel também enviou um pacote-bomba para a ex-mulher, na oficina em que ela trabalha. Em um dos escritórios, o pacote-bomba feriu gravemente a advogada Maria Mitousis, 38, que representou a ex-mulher de Amsel no processo de divórcio do casal.
“Eu certamente defendo o direito de Amsel a um advogado. Mas, certamente, não serei eu que vou defendê-lo”, disse ao Global News o advogado Jay Prober. Ele disse que um advogado enviou e-mails a todos os criminalistas de Winnipeg e outras cidades na Província de Manitoba, mas ninguém quer representar esse réu.
No tribunal, Amsel disse ao juiz que tem falado com muitos advogados, mas ninguém quer representá-lo. A declaração não surpreendeu o juiz. Afinal, a outra carta-bomba foi enviada à advogada que o representou no processo de divórcio, descrito como uma longa e feroz batalha judicial, cujo resultado não lhe agradou.
Vários advogados criminalistas consultados por jornalistas justificaram a negativa com o argumento de que Amsel representa um perigo não só para eles, mas também para os funcionários do escritório.
Todos esses advogados estão preparados para alegar “conflito de interesses”, caso sejam solicitados a fazer a defesa de Amsel. Alegam que vêm enviando contribuições para um fundo destinado a arrecadar recursos financeiros para o tratamento da advogada Maria Mitousis. Em outras palavras, já estão comprometidos com a vítima.
Segundo o Canadian Press, Maria Mitousis, ainda hospitalizada, sofreu ferimentos em algumas partes do corpo e perdeu a mão direita (ela é destra) — mas não perdeu o bom humor: “Se tudo correr bem, terei de me tornar canhota”, ela disse ao Toronto Sun.
A presidente da Associação dos Advogados Criminalistas de Manitoba disse à CBC News que os advogados que estão se recusando a defender o réu, deveriam pensar em algum tipo de solução.
“Apesar de nossos associados não se sentirem confortáveis em representar esse réu, também não está certo simplesmente dizer a ele ou a membros de sua família que se recusam a defendê-lo”, ela disse.
Amsel foi acusado de duas tentativas de homicídio, assalto qualificado e posse de explosivos, entre outras acusações. Seu julgamento foi remarcado para a próxima quinta-feira (16/7).
Revista Consultor Jurídico, 14 de julho de 2015.
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