Traficantes montaram "agência", ganhando fortuna por transporte em péssimas condições.
Antes mesmo de iniciar a reunião extraordinária de quinta-feira (23), a União Europeia, por meio do Conselho Europeu, anunciou 10 medidas para combater o tráfico de pessoas e evitar novas tragédias, como as últimas que ocorreram com naufrágios de barcos no Mar Mediterrâneo.
O pacote de ações foi lançado em meio a apelos do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que afirmou que a Europa vive "uma crise humanitária" com os últimos acontecimentos.
Entre as medidas estão a inclusão de um reforço do resgate na região do Mediterrâneo, como ação emergencial. No curto prazo, porém, o plano é fortalecer a Frontex (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas).
A infraestrutura disponível e o orçamento para este organismo da União Europeia receberão, no mínimo, o dobro dos recursos. Outro ponto de destaque é o esforço sistemático que será implantado para apreender e destruir a logística dos traficantes, que organizam viagens clandestinas para a população ansiosa por uma mudança de vida.
Nesta segunda-feira (20), o jornal Corriere Della Sera informou que o negócio tem transformado este tráfico clandestino em uma verdadeira agência de viagens. Os traficantes chegam a ganhar R$ 262.000,00 cada um, para transportar uma barcaça com duzentos imigrantes amontoados em carroças e jangadas muitas vezes falhas, com o risco de naufrágios.
Esta rede "cínica" tem como bases as cidades de Milão, Roma, Bari, Catânia e outros centros de acolhimento em Mineo, perto de Caltagirone e Siculana, e muito próximo de Agrigento. Os estabelecimentos têm como fachada a solidariedade e mantêm relações, desde a Itália, como a Eritréia, Sudão, Somália e Líbia.
O governo italiano já está se mobilizando para desmantelar, se necessário à força, estas organizações, mas apela para todos os integrantes da União Europeia, que admitem que o problema não é restrito à Itália e diz respeito a toda a Europa.
No projeto da União Europeia, estão previstos ainda mecanismos de emergência para a redistribuição dos refugiados, um programa de repatriamento para os países da "linha de frente", como a Itália, para os imigrantes clandestinos que não têm direito a asilo.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Paolo Gentiloni pressionou a entidade por uma solução imediata.
— Está em jogo a reputação da União Europeia.
No último fim de semana, uma embarcação com cerca de 900 passageiros afundou no canal da Sicília. Com um número de mortes estimado em 700, o acidente pode ser o pior da história do mar Mediterrâneo desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
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