quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Escravidão no mundo atinge 30 milhões

Apesar de quase dez anos da presença da missão da ONU, o Haiti é o segundo país com maior incidência de escravidão moderna no mundo.


Apesar de quase dez anos da presença da missão da ONU, o Haiti é o segundo país com maior incidência de escravidão moderna no mundo, de acordo com ranking inédito sobre o assunto divulgado ontem.
Acima do Haiti, está apenas a Mauritânia, país do oeste africano onde cerca de 4% da população do país vive escravizada e persistem práticas como compra, venda e aluguel de pessoas, envolvendo principalmente mulheres em trabalhos domésticos.
Na outra ponta do ranking de 162 países estão Reino Unido, Irlanda e Islândia. O Brasil aparece numa posição intermediária (94ª), mas é elogiado por sua legislação.
O estudo é iniciativa da ONG Walk Free (caminhar livre, em tradução livre), financiada pelo bilionário australiano Andrew Forrest.
Ao todo, o levantamento estimou que haja quase 30 milhões de pessoas submetidas a essas práticas no mundo, o equivalente à população do Peru.
O cálculo levou em conta estudos de outras fontes e projeções próprias baseadas em amostragem.
Com base em acordos internacionais sobre o crime, o estudo inclui como “escravidão moderna” práticas como análogas à escravidão (como vinculado ao pagamento de dívidas e casamento de crianças), tráfico de pessoas e trabalho forçado.
Responsável pelo ranking, o sociólogo norte-americano Kevin Bales afirma que, no caso haitiano, o principal problema se refere à prática conhecida como “restavec” (fique com, em francês): crianças da área rural que vão morar com famílias em cidades, onde são obrigadas a realizar trabalhos domésticos em troca de comida.
“É uma prática cultural tristemente pervertida numa forma de escravidão”, disse Bales à Folha, em entrevista por telefone ontem.
Segundo ele, a missão da ONU (Minustah), no país desde 2004 e sob comando militar brasileiro, pouco fez para melhorar a situação, já que esse não é seu foco principal.
Por outro lado, Bales elogiou o trabalho de ONGs locais que buscam evitar a ida de crianças para a cidade e tentam reunificar famílias.
BRASIL, CHINA E ÍNDIA
No Brasil, segundo o estudo, cerca 1 em cada mil moradores trabalha em condições análogas à escravidão.
Bales disse que o país é o que “provavelmente criou o melhor conjunto de políticas do mundo” para combate da escravidão, mas é necessário acelerar a sua implantação.
Entre as medidas elogiadas pelo sociólogo está a “lista suja”, cadastro oficial de empregadores que foram flagrados explorando mão de obra análoga à escravidão.
Procurado pela reportagem da Folha ontem à tarde, o Ministério do Trabalho não respondeu à solicitação para comentar o estudo.
Únicos países com população acima de 1 bilhão, a China e a Índia são também os que possuem mais pessoas submetidas a condições análogas à escravidão.
Segundo Bales, isso explica os grandes contingentes. Ele desvinculou a prática da escravidão ao desempenho econômico de ambos os países na últimas décadas.
Fonte: Folha, 17 de out. de 2013.
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